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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

AS SEPHIROT COMO VIRTUDES



          AS SEPHIROT COMO VIRTUDES


O Cabala desafia a todos os que entram em seus domínios. É um conhecimento esotérico não só por que foi propositalmente  escondido de muitos, mas lida com técnicas e ensinamentos tão sutis e poderosos que não são acessíveis aos afoitos, despreparados ou ambiciosos, mas só aos que se dispõem, pacientemente, a ruminar seus ensinamentos, lenta e calmamente.
Uma das minhas ruminações neste universo esotérico é a Árvore da Vida. Tema recorrente para os estudantes de Cabala, é como o nome diz uma estrutura em forma de árvore dita como o símbolo da Criação em si. O Conceito é apresentado pela primeira vez no texto conhecido como Sepher Yetzirah, ou “O Livro da Criação ou Formação”, atribuído ao Rabino Aquiba, redigido entre os séculos III e IV, que chegou até nós em várias versões : curtas, como a de Saadia Gaon e Rabad , respectivamente século X e século XIII) com 6 capítulos, ou longas, com 8 capítulos, como as de Shabbatai Donelo ou a de Isaac Luria, adaptada por Gaon de Vilna, nos séculos X e XVIII.

Pelo que diz o Sepher Yetzirah comentado pelo maravilhoso rabino Arieh Kaplan, as sephirot não são nomeadas no Sepher Yetzirah, mas “são todas derivados da escritura”.
Como por exemplo, em Provérbios (3: 19-20) : “Com Sabedoria (2) Deus (Ketter, a Coroa, 1) estabelece a Terra, com Entendimento (3)a firmou nos céus e com seu Conhecimento ( sephirah oculta) as profundidades foram quebradas.”
Ou em Êxodo, 31:3 : “ Eu o enchi com o Espírito de Deus, com Sabedoria(2), com Entendimento(3) e com Conhecimento       (sefirah oculta).
Estas são as três Primeiras sephiroth depois da Coroa, Ketter, que representa o próprio Deus. As outras aparecem, segundo  Arieh Kaplan,  em Crônicas 1, 29: 11, onde se diz: “ Teu, ó Deus, são a Grandeza(4), a Força(5), a Beleza(6), a Vitória(7) e o Esplendor (8),por Tudo (9)no céu e na terra; teu ó Deus, é o Reino.(10)”
Diz ainda o Rabino Kaplan, que “em quase todas as fontes , chama-se  à primeira  Chesséd(Amor), em vez de Gedulá (Grandeza). Similarmente,” continua ele “ a sexta é chamada Iessód (Fundação) em lugar de Tudo. Entretanto nos textos cabalísticos mais antigos ambas são usadas.”
O que se pergunta é: para que serve este conhecimento? Existem várias  colocações acerca disso e a mais interessante é que a Árvore é o Caminho da energia de Deus até a Humanidade. Quando Deus quer vir a Humanidade ele segue o Caminho da Árvore, mas por outro lado, quando o Homem quer chegar até Deus, pode fazê-lo fazendo o caminho inverso e subindo plano por plano até a Coroa, Ketter, chegando até o Altíssimo.
Hoje, no entanto, me ocorreu pensar nas sephirot também como Virtudes Éticas em uma época em que não existia psicanálise ou coisa que o valha.
Seguindo este raciocínio, qualquer homem que desenvolver em si, nesta ordem, partindo do Reino, Malkut, a Criação, uma estrutura material sólida (Fundação), depois manifestar o Esplendor em sua vida, iluminando e servindo sua sociedade com seu serviço e presença, Superar e Vencer (Vitória) suas dificuldades exteriores e interiores, seus sentimentos mesquinhos, seus defeitos morais, não deixando que após seu sucesso ,o Esplendor, o Ego o torne presa da Vaidade, desenvolvendo assim Beleza  em sua vida material e principalmente espiritual, desenvolverá uma Força Moral e uma noção de Justiça suficientes, para disseminar a sua volta o Amor e a Misericórdia , condições imprescindíveis para o Entendimento correto que leva, finalmente a Sabedoria. E todos compreenderão que , o Sábio pode por ser sábio, tocar as vestes e os pés de Deus.
Esta sequência de movimentos pode talvez tornar mais compreensível ao homem comum a Árvore da Vida e suas duas mãos de fluxo, como uma orientação de atitude, capaz de tornar aquele que a segue um ser mais próximo da Divindade.
Que todos nós possamos absorver este ensinamento, entendendo e nos alimentando dos frutos virtuosos desta árvore.
Mário Sales


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