Artigos e Informações ligados ao Rosacrucianismo

sábado, 22 de abril de 2023

OS AVÓS - mestres de uma arte esplêndida

 



OS AVÓS - mestres de uma arte esplêndida

 

Uma reevocação do DIA DOS AVÓS

Um convite cordial para quem não tenha tido oportunidade de ler este texto do cardeal D. José Tolentino Mendonça sobre os AVÓS.

 

«Os avós são mestres de uma arte esplêndida e rara: a arte de ser.

Os avós sabem tornar um mero encontro quotidiano numa apetitosa celebração.

Sabem olhar e olhar-nos sem pressas, vendo-nos esperançosamente mais adiante.

Sabem dar valor às coisas de nada.

 Nunca consideram que quando se entretêm conosco estão a perder tempo, muito pelo contrário.

Sabem que o amor dá-se bem com essa gratuita condivisão.

Os avós são docemente silenciosos, mesmo se muito tagarelas.

 Os avós parecem distraídos, e isso é bom.

 Os avós caminham a nosso lado sem pressa.

Têm tanto de distante como de próximo no arco do tempo.

 Têm uma sabedoria que se expressa por histórias calorosas e não por conceitos.

Têm uma memória que nos parece inesgotável, cheia de aventuras, de bagatelas e de detalhes para divertir.

 Têm armários carregados de objetos (alguns incompreensíveis) que nos põem a sonhar.

Apresentam-nos a gostos e a sabores que passamos a identificar com eles.

Os avós já foram muitas vezes aos lugares onde nos levam pela primeira vez.

Chamam a atenção para coisas incalculáveis, como a forma de uma nuvem ou a cor diferente que ganham as folhas.

 Ensinam-nos com serenidade, colocando-se a nosso lado. Nunca acham despropositada a fantasia, nem os medos, nem o mimo.

 Têm o sentido das pequenas coisas e colos onde cabem as grandes.

Eles não separam, como o resto das pessoas, aquilo que é útil do que é inútil.

Fazem-nos sentir que é assim, que já passaram por isso e que existe uma solução que nos vão revelar, só a nós, como um grande segredo.

Amparam os nossos desequilíbrios com o corrimão invisível e seguro do seu afeto, disponíveis degrau a degrau.

 Adivinham o que não dizemos sem se confundirem com a nossa confusão.

Quando não estão conosco, pensam em nós, repetem aos amigos as frases que dissemos, disputam-nos, orgulham-se de coisas parvas, como o modo como sorrimos ou respiramos.

 

Penso que se sentimos tão intensamente que os devemos salvar é porque percebemos, desde muito cedo, que somos salvos por eles».

D. Tolentino Mendonça


Nenhum comentário:

Postar um comentário