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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SE ME PERGUNTAREM...


SE ME PERGUNTAREM...
Se me perguntarem qual o meu maior medo não saberei dizer.
 A vida não me criou na coragem e o mundo não me aclamou heroína. Sou humana. Sabem os Deuses quantos medos me correm nas veias.
 Mas, se me perguntarem do que mais tenho medo, não saberei dizer.
Acho que tenho medo de ter medo. 
Medo de não saber enfrentar de cabeça erguida o que quer que venha. Tenho medo do silêncio e do esquecimento. Tenho medo que a vida me ponha à prova nos vales da solidão e eu não saiba bastar-me.
Às vezes é assim. 
Não importa se o mundo nos puxa e nos mói. 
Não sabemos.
 E é nessa inconsciência que a loucura ganha raízes, nos perfura a alma e nos corrói os sonhos até não sermos mais dos despojos de tudo o que poderíamos ter sido. E, por isso, também tenho medo de não saber...
Não deixar nenhuma rua por trilhar, nenhuma pedra da calçada sem pegadas, nenhum vinho sem prova, nenhum sonho por realizar, nenhum amor por viver.
 Queremos tanto. 
Somos tão plenos de desejos. 
O medo é natural. É-nos inato como uma respiração. 
Todos nós temos medo de acordar um dia no Outono dos tempos para descobrir que deitámos fora as oportunidades do mundo. 
A plenitude está nisso mesmo: no desejo e na falha e em todas as coisas que ficam de permeio.
Não sei do que mais tenho medo. 
Posso enumerar os meus amores na singularidade e contar os amigos pelos dedos das mãos. Mas não posso dizer que medos me assombram sem despertar outros fantasmas, de temores que foram e de temores que estão por devir.
Venha o que vier... tenho medo. 
Tenho medo, mas sou forte.
 E, quando o medo me assombrar, sei que hei de arranjar maneira de sobreviver.

Mas sobreviver é pouco. Não é?
 Acordar de manhã e rastejar até à morte. Sobreviver é não viver de todo. E também tenho medo disso. Medo de sobreviver a uma vida sem vida. Medo de acordar de manhã a esperar a noite e de acordar um dia a desejar que a morte me tome nos braços.
Não sei do que tenho mais medo. Mas não preciso saber. O medo é apenas uma barreira em nós. Há-de estar sempre presente. 
Mas vale a pena construir degraus de sonhos e superar as barreiras. Vale a pena desistir da sobrevivência fria e procurar um pouco de fogo em nós.
Não é o medo que nos define.
 Não é o medo que nos move. 
A maior expressão da coragem está em erguer a cabeça e admitir que tememos tudo mas que, mesmo assim, não desistimos de nada.

aut.: Marina Ferraz

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