AH! SOLIDÃO... NÃO VEM NÃO!!!
O vento sacode as cortinas da mesma forma que a saudade tira o pó à memória.
A solidão não renasce é o continuar de uma vida que não dá ouvidos à razão enquanto o café esfria sobre a mesa e o pensamento faz uma viagem ao passado. Essa nostalgia navega fora das linhas do tempo e por isso, por vezes, damos por nós ali sentados à espera que o amor volte, quando temos consciência de que ele já foi arquivado e que o que, por vezes, retoma é a saudade que vai remexendo nessas lembranças.
A paisagem lá fora vai mudando. As folhas começam a ficar verdes, mas o esquecimento ainda procura agasalho para fugir do branco da neve que cobre o monte onde as feridas se cicatrizaram à custa da esperança que as foi abraçando dizendo-lhes que a tempestade não é eterna e que a bonança chegará quando olharmos para as flores mesmo que a Primavera ainda não tivesse chegado.
É por isso que agora olho para as mãos vazias e sinto o coração preenchido com essas horas boas que já vivi, tudo porque o vento passou por entre as cortinas e levou as dores que de tão envelhecidas nem sequer reclamaram por estarem a ser removidas deste corpo que definitivamente decidiu dar outra cor aos seus dias.
O amor que infinitamente se perdeu é o ponto de partida para outra etapa em que o sol me fará companhia e a tempestade será, também ela, arquivada juntamente com a saudade de um abraço que nunca será dado.
@angela caboz
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