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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A RESPONSABILIDADE DO FUTURO

                                

                                          A RESPONSABILIDADE DO FUTURO


Há algum tempo notei, em meu escritório, que uma corrente de ar movia continuamente uma página do calendário pendurado na parede oposta à minha escrivaninha. Toda a vez que o vento levantava essa página eu tinha visão momentânea da página seguinte. O calendário em questão é impresso por uma das principais companhias aéreas e quando o vento soprava essa página eu tinha rápida visão de cenas coloridas.
De momento a momento, ocorria-me pensamentos quanto ao que representava a cena da qual eu tinha apenas tido relances de cor e desenho. Ao meditar sobre o assunto compreendi a impossibilidade de determinar a cena total antes que levantasse a página e pudesse vê-la completamente. Na mesma ocasião, ocorreu-me o pensamento de que em determinado sentido estava vendo o futuro, estava vendo o mês vindouro. O que eu via, porém, não constituía informação que fosse de valor ou de usa imediato. Se tirasse conclusões quanto ao que era realmente a cena da qual havia apenas tido relances, elas seriam errôneas devido à minha incapacidade de perceber a cena total como um único objeto ou entidade.
Vivemos numa era em que grande parte do pensamento se volta para o futuro. A maior parte das notícias diz respeito, não apenas a acontecimentos que ocorreram ou que estão para ocorrer, mas também como podem afetar o futuro. A despeito dos métodos que possamos usar, para conhecer alguma coisa do futuro, nossos lampejos são semelhantes aos que tive da cena do mês seguinte na folha do calendário. Nossas impressões futuras são as que se revelam incompletas e além da capacidade de percepção da mente humana.
A maior parte das predições está baseada na lógica. De acontecimentos que ocorreram e estão ocorrendo, prevemos efeitos que culminarão no futuro. Até certo ponto, podemos predizer o futuro de acontecimentos já em curso. O mundo comercial usa este sistema eficientemente e tanto quanto ele é verdadeiro e útil. Todavia, o que dá validade a essas previsões são os fatores desconhecidos que podem ocorrer entre o momento e o tempo selecionado no futuro para a culminação de uma série de acontecimentos.
Por exemplo, se determinada soma de dinheiro for colocada numa conta bancária que renda juros, podemos matematicamente computar a importância que ali haverá em qualquer tempo no futuro. Utilizamo-nos do principal como base, da taxa de juros paga e do tempo que escolhemos. Com essa informação, podemos presumir e predizer como acontecimento futuro, que em determinada data, o capital total será determinado soma que terá sido acumulada como resultado dos juros a ela adicionados.
Ao fazermos tal predição, presumimos que não haverá acontecimentos imprevistos que afetem a manutenção do Banco no qual colocamos nossos fundos ou a sua capacidade de pagar os juros e conservar o capital. Com toda probabilidade, nossa predição será correta, porém em predições mais complexas, acontecimentos podem ter lugar tornando incerto o futuro. Outros métodos têm sido usados pelos homens para predizer o futuro, nenhum dos quais, porém é infalível e é bom que não o seja, porque o homem vive no presente. Se o homem pudesse predizer o futuro, este seria modificado como resultado de sua conduta.
Em tempos recentes, há tanta atenção dispensada ao futuro que se desenvolveu a tendência de muitas pessoas viverem mais no futuro do que no presente. Elas se preocupam com a culminação de muitos planos. O pagamento de bens a prazo tem contribuído para esse fato. Preocupamo-nos com o futuro, se contrairmos obrigações dessa natureza devido à época em que os pagamentos terminarão. Preocupamo-nos com a realização de outros planos, como o de um plano educacional para nós mesmos ou à família. Quando começamos a pensar nessas possibilidades a ponto de esquecermos as obrigações e privilégios do presente, estamos prejudicando nosso próprio objetivo por não nos prepararmos devidamente para o futuro que possa advir. A ênfase dada hoje em dia aos programas e planos de aposentadoria, às vezes, monopoliza tanto tempo dos pretendentes que eles não saberão o que fazer do tempo quando a ocasião da aposentadoria que almejam chegar.
A vida é um processo de existência e a existência é uma condição da qual estamos conscientes apenas em consciência. Para nos aprofundarmos mais nesse assunto, no que diz respeito à consciência, diremos que ela apenas existe, no momento. A menos que usemos esse estado de consciência para adaptarmo-nos às situações com que nos defrontamos, estaremos inadequadamente preparados para situações futuras. A preparação sábia para o futuro, é aprender a vivermos em nosso meio ambiente e conosco mesmos ao melhor de nossa capacidade, enquanto estivermos cônscios da vida.
A repetição da ênfase sobre o futuro fará com que muitos negligenciem a mais valiosa posse que têm – isto é, a posse do momento presente. Utilizar o momento presente é aliviarmo-nos do peso e responsabilidade do que possa ocorrer no futuro. Tem havido crítica pela falta de preocupação quanto à responsabilidade do que agora fazemos e possivelmente, demasiada preocupação está sendo transferida para o futuro. Será para nosso próprio benefício e tendente ao desenvolvimento de cada pessoa transferir esse peso para o momento presente e usar as oportunidades atuais ao melhor de sua capacidade. O peso, a preocupação quanto ao futuro, será então aliviado até certo ponto, e poderemos nos preparar para essas circunstâncias quando e se tivermos de enfrentá-las como experiência real.


Por CECIL A. POOLE

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