MENINA... VIVE O AGORA!
Ela aprendeu a chorar com a vida.
Aprendeu a soltar as suas lágrimas quando o coração
se sentia oprimido.
Quando lhe
faltava algo, ou então quando lhe sobrava sofrimento. Foi desta forma que a
vida a obrigou a crescer.
Foram as lágrimas que lhe ensinaram o que era
viver.
Ela chorou pela primeira vez, quando sentiu medo.
Naquele dia, em que lhe faltou o colo durante todas
as horas do dia. No dia em que a vida lhe disse para dar os primeiros passos,
sozinha. Quando lhe mostrou que a vida é um trapézio sem rede, em que ela tinha
que se arriscar a caminhar.
Era preciso
ter ousadia e não medo de cair.
Não podia estar à espera de ter sempre dois braços,
que lhe amparassem as quedas. Que lhe curassem as feridas ainda antes delas
existirem de verdade.
Ela chorou a primeira vez, ainda antes de ter
conhecido a dor.
Chorou com o sabor do medo, porque percebeu que a
vida não era só sonhos.
Que os dias
não eram eternos e que as noites também existiam.
Afinal, o
sol também tinha que dormir e a lua aproveitava essas horas para brilhar.
E, por
vezes, a lua até espreitava, sem ser notada, oculta na sombra do sol.
Naqueles dias, em que nem sequer a vemos e, depois,
à noite apenas existem as estrelas.
Tudo isso
era viver.
Na sua vida
aos dias sempre se sucederiam às noites, e as noites sempre precederiam os
dias.
Ela provou o sabor das lágrimas e acabou por se
habituar.
Ela habitou-se a viver refugiada entre os sonhos,
que lhe criavam a ilusão e a realidade, que por vezes se tornava num mar de
lágrimas. Vestiu-se de sofrimentos.
Alimentou-se com choro que a embalava em tantas
noites, que ela pedia para não existirem.
Ela provou o sabor das lágrimas e julgou que aquele
era o caminho certo para seguir o seu destino.
Esqueceu que existiam sonhos coloridos.
Deixou de escutar a voz da esperança.
Desligou o som do amor.
Cruzou os braços perante a imaginação.
Virou as costas ao futuro e o coração continuou no
passado.
Deixou que lhe desenhassem feridas na alma.
Ergeu uma
muralha à volta do seu coração.
Prometeu que
não voltaria a sentir amor.
Deixou de existir. Tornou-se num fantasma vivo.
Alguém que
ninguém via.
Alguém que apenas sofria.
E, num desses dias, a vida que lhe tinha ensinado a
chorar disse-lhe que era tempo de ela parar.
A vida disse-lhe que estava farta de a ver a
chorar.
Tinha
saudades do seu sorriso.
Estava
sufocada com aquele muralha que existia entre elas.
A vida ordenou-lhe que tinha que viver.
Era chegada a hora de ela soltar o amor que vivia
dentro dela.
O amor que já não lhe cabia no coração.
O amor que
pedia para ser dividido com alguém.
A vida disse-lhe seca essas lágrimas.
Arregaça as mangas e faz-te à vida.
Despe-te desse sofrimento.
Fica nua.
Saí dessa rua e vai para a estrada principal.
Leva o teu
sorriso, que eu guardei durante todo este tempo.
Agora, sorri e vive!
Essa é a próxima etapa da tua vida.
O choro é coisa do passado.
Deixa-o ficar guardado naquela gaveta, onde guardas
tudo o que já passou e te fez ser quem és.
Ele já não
te pertence, tal como não te pertence esse passado que não podes mudar, mas que
te moldou.
Vive!
E não te esqueças: usa e abusa do teu sorriso.
Esse sorriso
que, por sinal, é tão bonito e te fica tão bem.
@angela caboz
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