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terça-feira, 19 de julho de 2022

MENINA... VIVE O AGORA!

 

 




MENINA... VIVE O AGORA!

Ela aprendeu a chorar com a vida.

Aprendeu a soltar as suas lágrimas quando o coração se sentia oprimido.

 Quando lhe faltava algo, ou então quando lhe sobrava sofrimento. Foi desta forma que a vida a obrigou a crescer.

Foram as lágrimas que lhe ensinaram o que era viver.

Ela chorou pela primeira vez, quando sentiu medo.

Naquele dia, em que lhe faltou o colo durante todas as horas do dia. No dia em que a vida lhe disse para dar os primeiros passos, sozinha. Quando lhe mostrou que a vida é um trapézio sem rede, em que ela tinha que se arriscar a caminhar.

 Era preciso ter ousadia e não medo de cair.

Não podia estar à espera de ter sempre dois braços, que lhe amparassem as quedas. Que lhe curassem as feridas ainda antes delas existirem de verdade.

Ela chorou a primeira vez, ainda antes de ter conhecido a dor.

Chorou com o sabor do medo, porque percebeu que a vida não era só sonhos.

 Que os dias não eram eternos e que as noites também existiam.

 Afinal, o sol também tinha que dormir e a lua aproveitava essas horas para brilhar.

 E, por vezes, a lua até espreitava, sem ser notada, oculta na sombra do sol.

Naqueles dias, em que nem sequer a vemos e, depois, à noite apenas existem as estrelas.

 Tudo isso era viver.

 Na sua vida aos dias sempre se sucederiam às noites, e as noites sempre precederiam os dias.

Ela provou o sabor das lágrimas e acabou por se habituar.

Ela habitou-se a viver refugiada entre os sonhos, que lhe criavam a ilusão e a realidade, que por vezes se tornava num mar de lágrimas. Vestiu-se de sofrimentos.

Alimentou-se com choro que a embalava em tantas noites, que ela pedia para não existirem.

Ela provou o sabor das lágrimas e julgou que aquele era o caminho certo para seguir o seu destino.

Esqueceu que existiam sonhos coloridos.

Deixou de escutar a voz da esperança.

Desligou o som do amor.

Cruzou os braços perante a imaginação.

Virou as costas ao futuro e o coração continuou no passado.

Deixou que lhe desenhassem feridas na alma.

 Ergeu uma muralha à volta do seu coração.

 Prometeu que não voltaria a sentir amor.

Deixou de existir. Tornou-se num fantasma vivo.

 Alguém que ninguém via.

Alguém que apenas sofria.

E, num desses dias, a vida que lhe tinha ensinado a chorar disse-lhe que era tempo de ela parar.

A vida disse-lhe que estava farta de a ver a chorar.

 Tinha saudades do seu sorriso.

 Estava sufocada com aquele muralha que existia entre elas.

A vida ordenou-lhe que tinha que viver.

Era chegada a hora de ela soltar o amor que vivia dentro dela.

O amor que já não lhe cabia no coração.

 O amor que pedia para ser dividido com alguém.

A vida disse-lhe seca essas lágrimas.

Arregaça as mangas e faz-te à vida.

Despe-te desse sofrimento.

Fica nua.

Saí dessa rua e vai para a estrada principal.

 Leva o teu sorriso, que eu guardei durante todo este tempo.

Agora, sorri e vive!

Essa é a próxima etapa da tua vida.

O choro é coisa do passado.

Deixa-o ficar guardado naquela gaveta, onde guardas tudo o que já passou e te fez ser quem és.

 Ele já não te pertence, tal como não te pertence esse passado que não podes mudar, mas que te moldou.

Vive!

E não te esqueças: usa e abusa do teu sorriso.

 Esse sorriso que, por sinal, é tão bonito e te fica tão bem.

 

@angela caboz


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