Conhecimento
não é sabedoria.
Como a
evolução dos indivíduos exige a passagem do tempo, é natural perceber que o
envelhecimento tende a trazer mais sabedoria.
“Sabedoria é a recompensa que
você recebe por uma vida inteira ouvindo quando preferia ter falado”, como diz
Mark Twain.
Porém,
alcançar sabedoria não tem um ponto final.
É algo que
se renova continuamente como já preconizavam os sábios gregos – como Sócrates
em sua frase “sei que nada sei”.
A humildade
intelectual nos conduz à busca contínua pelo aperfeiçoamento pois a fonte de
aprendizado é inesgotável e, assim, o envelhecimento costuma trazer a
habilidade de administrar o conhecimento. Nisso, reside a sabedoria.
Sabedoria é
o conhecimento utilizado pelo bom senso. E nada afina tão bem o bom senso como
as experiências de vida.
“Conhece-te
a ti mesmo”
Envelhecer é
o processo mais benevolente para o cultivo da sabedoria. E, uma das suas
sementes mais ricas está justamente no autoconhecimento.
E, mais uma
vez, os gregos consagram esse pensamento com a inscrição de Platão: “conhece-te
a ti mesmo”.
Apesar de
redundante em sua gramática já que o “conhece-te” dispensa o “a ti”, essa ideia
carrega em si um ensinamento extremamente valioso. O autoconhecimento é,
sem dúvida, um dos maiores legados do envelhecimento.
Quando
ficamos familiarizados o suficiente com o nosso mundo interno, percebemos
porque somos propensos a reagir de uma forma ou outra; aprendemos a fazer
escolhas genuínas e tomamos decisões melhores.
Mas não
basta olhar para si, é fundamental olhar ao redor.
Quem é
sábio?
Em Pirke
Avoth (Ética dos Pais), Ben Zoma pergunta “Quem é sábio?”, respondendo na
sequência “Aquele que aprende com todos os homens”.
Não existe
verdade absoluta, apenas percepção. Ambiguidades, contradições, incertezas e até
erros: ficar à vontade com eles é o começo da sabedoria.
Tomar
decisões diante da incerteza, recuar, reavaliar, modificar julgamentos, estar
disposto a reconhecer a inexatidão e erro, são componentes da sabedoria.
Aprender com
os próprios erros, ouvir aos demais, empreender ações face ao conhecimento
imperfeito, projetar consequências, aflorar a intuição com base nas
experiências vividas, tudo faz parte da sabedoria.
Como ser
sábio?
Sábios
aprendem igualmente com o bem e o mal, o êxito e o fracasso. Sábios lidam
com o mundo como ele realmente é, não criam cenários para viver um propósito.
Ser sábio é
repudiar o auto-engano, é ser sonhador mas também ser uma pessoa de ação,
simultaneamente idealista e realista, um visionário com os pés no chão.
Sabedoria
significa ter certa firmeza de filosofia pessoal contínua, que é constante,
embora aberta à mudança.
Não há
sabedoria sem humildade, esta é infindável. E tampouco há sabedoria sem
reavaliação constante de nós mesmos.
O legado do
envelhecimento é inestimável e refletir sobre essas lições representa um dos
mais genuínos anseios pela busca da vida que vale a pena ser vivida.
Para
concluir, nada melhor do que deixar a reflexão do Dr. Nulland, cuja
bibliografia fundamentou as ideias aqui comentadas:
“Uma longa
vida sem hesitações em olhar para dentro é a chave para compreender tudo o que
pode ser visto quando olhamos para fora”.
Celi Helena
Nenhum comentário:
Postar um comentário