APRENDENDO A DESAPRENDER!
"Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros.
Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática,
tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las
melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado.
A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra
tirar nota dez no quesito "sabe-tudo". Pois é. E o que a gente faz
com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça
virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a
serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância.
Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para
aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se
faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a
arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as
barreiras que encontramos no caminho.
Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com
os próprios erros.
Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e
a gente precisa saber lidar com o inusitado.
Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de
acreditar em telepatia, é melhor acreditar no poder da nossa voz.
Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da
gente mesmo, os demais seguiram em frente.
A solução é voltar ao marco zero.
Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de
novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida.
- Martha Medeiros
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