O
PRIMEIRO DIA DO ANO!
Tinha nevado dias a fio. A altura da neve era mais alta que as minhas pernitas. O frio fazia-me tiritar e bater o dente. Todos temiam que o telhado não aguentasse o peso.
Atrás da janela alongava o olhar para a serra da Xalma que parecia uma montanha branquinha ou uma enorme nuvem branca poisada no chão a dormir.
O céu já estava de um azul imaculado. E o sol doirava tudo mas, como se tivesse perdido o calor, para ter tanta luz.
Ouvia os adultos em cuidados com o gado, com as gripes, com as pessoas mais idosas... O senhor Padre Baptista certamente não ia vir celebrar Missa, pois andava adoentado e a égua que o costumava trazer não iria aguentar a caminhada entre a neve tão alta! Meu tio queixou-se que a lenha acautelada na “loje” já era pouca e era preciso ir resguardar mais uns toros. A minha tia pediu-lhe que se agasalhasse bem para ir ao curral. A vaca mugia e, antes de ir apanhar mais umas cepas, meu tio desenfaixou um molho de palha para lhe aquecer a cama e colocou uma braçada de feno na manjedoura.
Eu continuava atrás da janela olhando a brancura dos telhados, dos caminhos, dos lameiros. Não se via vivalma, nem um achancar de botas ou um animal furtivo. Ouvia-se o uivar de alguns cães mas não se avistavam.
De repente, vi um pontinho negro que se aproximava lento, lento... e ia crescendo devagarinho. Que seria aquilo?!
_ Tia, tia... venha ver o que lá vem. _ gritei abismada.
_ Ai Mãe, querem lá ver! É o Senhor Padre! A pobre égua até bate com a barriga na neve!
Ouviu-se, quase de imediato, o toque da chamada para a Santa Missa. E, se o Sacerdote viera de Aldeia Velha com aquele temporal, como poderiam faltar os paroquianos à Missa, naquele Dia Santo?! Correram a pôr as samarras e os xales de lã e não tardou a neve ficar cheia de buraquinhos ao ser calcada pelas muitas botas negras de borracha...
Tinha nevado dias a fio. A altura da neve era mais alta que as minhas pernitas. O frio fazia-me tiritar e bater o dente. Todos temiam que o telhado não aguentasse o peso.
Atrás da janela alongava o olhar para a serra da Xalma que parecia uma montanha branquinha ou uma enorme nuvem branca poisada no chão a dormir.
O céu já estava de um azul imaculado. E o sol doirava tudo mas, como se tivesse perdido o calor, para ter tanta luz.
Ouvia os adultos em cuidados com o gado, com as gripes, com as pessoas mais idosas... O senhor Padre Baptista certamente não ia vir celebrar Missa, pois andava adoentado e a égua que o costumava trazer não iria aguentar a caminhada entre a neve tão alta! Meu tio queixou-se que a lenha acautelada na “loje” já era pouca e era preciso ir resguardar mais uns toros. A minha tia pediu-lhe que se agasalhasse bem para ir ao curral. A vaca mugia e, antes de ir apanhar mais umas cepas, meu tio desenfaixou um molho de palha para lhe aquecer a cama e colocou uma braçada de feno na manjedoura.
Eu continuava atrás da janela olhando a brancura dos telhados, dos caminhos, dos lameiros. Não se via vivalma, nem um achancar de botas ou um animal furtivo. Ouvia-se o uivar de alguns cães mas não se avistavam.
De repente, vi um pontinho negro que se aproximava lento, lento... e ia crescendo devagarinho. Que seria aquilo?!
_ Tia, tia... venha ver o que lá vem. _ gritei abismada.
_ Ai Mãe, querem lá ver! É o Senhor Padre! A pobre égua até bate com a barriga na neve!
Ouviu-se, quase de imediato, o toque da chamada para a Santa Missa. E, se o Sacerdote viera de Aldeia Velha com aquele temporal, como poderiam faltar os paroquianos à Missa, naquele Dia Santo?! Correram a pôr as samarras e os xales de lã e não tardou a neve ficar cheia de buraquinhos ao ser calcada pelas muitas botas negras de borracha...
Georgina Ferro
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