MENSAGEM ESPECIAL
Hélio de Moraes e Marques
GRANDE MESTRE
GRANDE MESTRE
Todos nós estamos
vivendo uma situação especial que merece a nossa invulgar atenção.
Embora
se referisse à Ordem, nosso Imperator, Fr. Christian Bernard fez referência ao
momento em que é agora, que precisa de todos nós: – É agora,
mais que em qualquer tempo passado, que nosso Trabalho deve se tornar mais
difícil, e maior necessidade temos de todos vocês. Nossa Ordem, nossa missão,
requer que cada um de nós se dedique infindável e incansavelmente.
Como
estudantes de misticismo de uma escola tradicional como a Antiga e Mística
Ordem Rosae Crucis e aspirantes à níveis mais elevados de consciência, podemos
aplicar o nosso conhecimento metafísico para alterar a situação com as
ferramentas que possuímos: a nossa mente, os nossos pensamentos, as nossas
visualizações, vibrações e emoções.
É
sobre isto que vou tratar nesta comunicação. Compartilhar algumas reflexões que
ao fim e ao cabo podem ser úteis para o reestabelecimento da tão necessária
harmonia pessoal e coletiva.
O
primeiro ponto a considerar é a lei da causalidade que nos remete ao fato de
que há um conjunto de causas que está desencadeando os acontecimentos dos
últimos tempos em nosso país.
Nossa
postura diante desta situação deve ser a visão espiritualista que acredita numa
depuração para um áureo alvorecer. Como nos alertou o físico Albert Einstein:
“Deus não faz nada por acaso e nem tampouco joga dados”.
Sabemos,
como místicos, que somos partes integrantes, em essência, de uma Grande Alma
Universal que é perfeita e que nos anima como almas humanas. Assim, por
natureza, a alma é perfeita. Nela
reside as chamadas qualidades que
Sócrates chamava de virtudes, tais como a
humildade, a integridade, a tolerância, a generosidade, a benevolência, etc.
Se
vivemos na Terra, é para nos conscientizarmos dessas virtudes e exprimi-las
através de nosso comportamento, no contato com os outros. Dito de outro modo, é
para evoluirmos espiritualmente e atingirmos algum dia o estado de Sabedoria.
Aliás, é o que ensinavam os Mestres e todos os Iniciados do passado, incluindo
o nosso ex-Imperator o Dr. Harvey Spencer Lewis, independentemente das épocas e
dos lugares em que viveram.
Embora,
se nos basearmos no comportamento atual da maior parte dos indivíduos,
poderíamos duvidar de que o ser humano é perfeito em essência.
O
estudo dos sociólogos atribui tais desvios ao meio, à cultura, aos valores que
influenciam a formação do indivíduo.
Neste
contexto, se admitirmos que o Ser Humano evolui para o estado de Sabedoria,
compreenderemos que este objetivo não pode ser conquistado numa única vida.
Quem, no decurso de algumas dezenas de anos, pode pretender tornar-se sábio, no
sentido como falei anteriormente? Afinal, quando este objetivo é alcançado, não
precisamos mais encarnar, mas permaneceremos no plano espiritual enquanto almas
em estado puro, em plena consciência e em perfeito conhecimento de causa.
Nossa
vida então é uma escola para percebermos e aprimorarmos os nossos defeitos. Nesta
perspectiva, a diferença fundamental dos seres humanos é o número de vidas que
experienciaram. Alguns são almas velhas outros
são almas jovens. Regra
geral, as primeiras são mais evoluídas que as segundas na senda do progresso
espiritual. Por óbvio, são mais sábias em seu modo de se comportar e dão prova
de maior maturidade.
Esta
lei da reação ou da causalidade que citei anteriormente é a da compensação, de
tal modo que cada qual colhe aquilo que semeia, tanto
positiva quanto negativamente. Significa que somos, em grande parte, os
artesãos de nosso destino. Tanto no plano individual quanto no coletivo, nossa
existência é o reflexo geral daquilo que pensamos, dizemos e fazemos no
cotidiano.
O
carma não se aplica unicamente no plano individual; ele também opera no plano
coletivo. É por isso que em uma região, em um país, em uma organização as
pessoas certas, conforme o seu desenvolvimento, se agrupam e se integram para –
de integração em integração – submeterem-se em seu conjunto à influência de um
carma coletivo criado por si mesmos no dia a dia.
Temos
visto, escutado e acompanhado nos noticiários que boa parte das questões que
têm acometido este momento da nossa realidade tem origem na questão do
dinheiro, ou do desejo desmesurado dele. Ele, por si mesmo, não é negativo. O
que é negativo é o comportamento que ele induz no ser humano quando este faz de
sua aquisição e de seu acúmulo o objetivo maior de sua existência, a ponto de
lhe sacrificar os valores morais mais elementares, como a honestidade, a
integridade, a equidade etc. Sabemos que este desvio está na raiz de uma
situação medonha na maioria dos países do mundo.
A
solução, quer nos parecer, reside numa mudança de comportamento. Neste caso em
especial, partilho da opinião do Fr. Serge Toussaint – Grande Mestre da Grande
Loja Francófona que pensa que é, sobretudo, na ética, mais do que na política,
que está a chave da questão.
Sabemos
que, atualmente, o carma coletivo da humanidade é globalmente negativo. Se isto
ocorre é porque aconteceu o crescimento por impulsos dos defeitos e das
fraquezas do ser humano – sobretudo o ódio e o espírito de vingança, os quais
causaram tantos conflitos e guerras no decurso das eras, para não falar da
ambição e da cupidez, que contribuíram para gerar muitas desigualdades e
injustiças no plano social.
Se
quisermos positivar esse carma coletivo e tornar o mundo melhor, devemos
individual e coletivamente dar o bom exemplo de nossos pensamentos, palavras e
ações. Agir mentalmente com a nossa criação mental, com as nossas vibrações,
para dar à sociedade uma orientação humanista e espiritualista.
Com
humanismo, um tanto diferente daquele humanismo renascentista que exaltou o
homem à condição de especial, queremos dizer da atitude que consiste em amar a
humanidade, crer nela e trabalhar para a sua felicidade, sem distinção de raça,
de nacionalidade, de classe social, de religião ou de qualquer outro elemento –
aparentemente distintivo. Ser humanista implica, portanto, ter um sentido agudo
de fraternidade e ver em qualquer outro indíviduo uma extensão de si
mesmo. Em termos absolutos, é amar as outros à priori,
mais do que o contrário. Não ceder a nenhum preconceito, de qualquer natureza.
Amar seu próximo significa amá-los enquanto membros da fraternidade humana e,
sobretudo, não odiar nenhum deles, sob qualquer pretexto que seja. Vista por
este ângulo, a ausência total de ódio intolerável pode ser considerada como uma
forma primitiva de amor, ficando entendido que é preciso ir muito mais longe em
nossas relações com outrem. De fato, o ideal é
expandir cada vez mais o círculo de pessoas que amamos e com as quais mantemos
relações cordiais ou fraternais.
Devemos
também ter fé no ser humano, ou seja, ter a convicção de que ele pode melhorar
a si mesmo e o mundo. Isto pressupõe ter
confiança em sua capacidade de fazer o
bem, tanto para si mesmo quanto para os outros. Um
humanista é, portanto, otimista quanto à natureza humana,
o que não o impede de ser lúcido quanto às suas falibilidades e aos seus
defeitos. Convencido de que a humanidade é capaz de se transcender para
exprimir o melhor de si mesma e trabalhar pelo interesse comum, ele aprova e
apoia todo projeto e qualquer ação que visem a felicidade dos seus irmãos
humanos. Inversamente, ele combate toda ideologia que ameace sua dignidade ou
sua integridade. De fato, a pretexto de humanismo, não devemos tolerar o
intolerável.
A
partir do momento em que se admite que a humanidade faz parte de um Plano
Divino e que ela evolui gradativamente para o estado de Sabedoria,
compreendemos intuitivamente que esse estado só pode ser alcançado de maneira
coletiva e apelando-se àquilo que há de mais espiritual no ser humano, a saber,
sua alma.
Conforme
demonstrou a ciência, todos os seres humanos têm o mesmo genoma e o sangue que
corre e suas veias é fundamentalmente o mesmo. A justo título, pode-se dizer
que são irmãos e irmãs no plano biológico. Melhor ainda: são células de um
único e mesmo corpo – o da humanidade. Porém, como vimos, cada um também possui
uma alma que provém da mesma fonte – no caso, a Alma Universal. São, portanto,
almas-irmãs, de modo que formam uma única e mesma família espiritual.
Infelizmente, ainda somos muito poucos a ter consciência disso e a se comportar
de acordo.
De
fato, se por um lado é verdade que o carma coletivo da humanidade é globalmente
negativo, ela, por outro, ao menos evolui positivamente desde sua aparição
sobre a Terra. É por isso que cada vez mais pessoas denunciam as injustiças e
as desigualdades no plano social, se opõem às ditaduras e a outros regimes
totalitários, se manifestam contra as guerras e os crimes de todas as espécies,
ajudam os mais desprovidos, se compadecem do sofrimento de outrem, dedicam-se à
proteção do meio ambiente etc.
Por
estas razões e para evitarmos sermos arrastados pelas notícias que nos impactam
e podem nos fazer duvidar do Plano Divino, sugiro sermos críticos quando lemos,
ouvimos informações das mais diferentes mídias e filtremos estas notícias com a
convicção de que uma nova condição surgirá e será melhor para todos no ideal de
uma sociedade mais fraterna, mais espiritualizada e mais feliz.
Assim
Seja!
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