A BUSCA DA PAZ PROFUNDA!
A
Paz Profunda não é necessariamente silêncio, mas um estado de existência,
animado pela consciência do mais importante “Eu existo”. A Paz Profunda, à
semelhança do amor, é uma energia silenciosa na base das inúmeras manifestações
que percebemos ao nosso redor. Poder-se-ia chamar a essas manifestações de Paz
Profunda.
A
natureza expressa Paz Profunda em suas florestas, nos galhos que se lançam uns
para os outros, formando assim a catedral da natureza. As árvores, sussurrando
um coro harmônico, tocam a essência do homem e fazem com que ele duvide do seu
domínio sobre o seu mundo.
O
arroio murmurante, serpenteando entre as pedras e emitindo arco-íris, lembra ao
homem a felicidade do momento. Ele traz à mente a recordação de tempos idos,
das jornadas ainda a serem empreendidas e dos distantes lugares que ele
gostaria de visitar.
As nuvens que bailam no azul do céu impelidas pelas brisas
tépidas do verão, a reação rítmica das ervas nos prados, reanimam os sonhos da
juventude e levam o homem a uma resolução: jamais se deter na tentativa de
tornar seus sonhos realidades.
Quando observamos uma criança adormecida, a sensação de
contentamento expressada em suas feições traz à nossa mente o milagre da vida.
Perguntamo-nos, então: “Que há mais além do mistério da vida?”.
Começamos a perceber a dualidade do homem, em sua constituição.
Essa percepção traz à mente a admoestação: “Homem, conhece-te a ti
mesmo”. Tendo expressado o reconhecimento do Eu no homem, a semente da
consciência começa a germinar. As indagações tornam-se uma meta, e o homem
reflexivo começa a expandir sua consciência à medida que percebe a resposta.
Todos os dias, a vida adquire um novo significado à medida que o
homem se torna mais observador dos acontecimentos na aventura cotidiana da
existência. A percepção acentuada das alegrias e tristezas de seus amigos e
associados começa a se fazer sentir e o homem compreende que realmente se
preocupa com aquilo que acontece ao seu semelhante. Apercebe-se de que a
passagem da observação para o envolvimento é uma progressão natural e que a
reação de um para com o outro tornou-se ativa. Convence-se, ainda, de que tendo
dado de si mesmo, seus amigos e associados tributaram-lhe a maior honra ao
partilhar com ele seus mais íntimos pensamentos.
Ao tocar um outro homem, o homem tocou em si mesmo. O homem
interior apresentou-se e foi reconhecido pelo homem como expressão de sua
dualidade. A busca de expressão criativa deve ser por ele mesmo feita. O homem,
todavia, jamais fica sozinho, tão logo tenha estabelecido contato com o Eu
interior.
Uma vez que o homem expandiu sua consciência, já sentiu a
harmonia da vida. O Círculo exterior de Paz Profunda proporcionou-lhe sensação
de bem-estar e intensificou também o desejo de maior conhecimento.
Os momentos com a natureza podem então recorrer com maior
intensidade e compreensão. Podemos isso apreciar agora, não apenas pela
expressão, mas buscando a energia na base da manifestação e aplicando-a à nossa
indagação.
Podemos verificar que a Paz Profunda é semelhante ao centro do
furacão: calma, silenciosa e, não obstante, cheia de poder. As ondas de
energia, propagadas, criaram uma expressão que pode ser sentida e percebida
pelo homem mortal. No entanto, a fonte é percebida pelo homem divino, o Deus
Interior.
Paz Profunda é a energia que transmuta o conhecimento em
sabedoria e estimula as aplicações que transformarão o pensamento em ação. É a
libertação do homem da cruz da vida para expressão da alma vivente, em harmonia
com o infinito. Sentimos, então, a essência da imortalidade em todos os homens.
Ao tentarmos isolar seu encadeamento, compomos a estrutura de nosso caráter
para que a expressão real possa existir.
Não apenas tomamo-nos conscientes e uma parte de todas as
manifestações; tomamo-nos conscientes das causas que originaram a expressão
vivente. O coração foi de tal modo tocado que o Eu pode proclamar:
Acalma-te, e sabe que eu sou Deus!
Hyllis F. Buell, FRC
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