O peso que a gente leva..
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas...
Excedem aos tamanhos permitidos!
Já imaginou
chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas...
As perguntas são muitas...
E se eu tiver
vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando,
como se fosse a primeira vez?
Desisto!
Desisto!
Jogo o que posso no espaço delimitado para
minha partida e vou.
De vez em
quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo
que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências.
É nisso mora o encanto da viagem.
Viajar é descobrir o mundo que não temos.
É o tempo de
sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:
“Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!”
Ele tinha
razão.
A partida nos
abre os olhos para o que deixamos.
A distância nos permite mensurar os espaços
deixados.
Por isto, partidas e chegadas são instrumentos
que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente
continue sendo.
Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro
com o desejo de amar ainda mais o meu
território.
É
conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar
onde tudo começou...
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras...
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras...
Os excessos
nos pesam e nos retiram a vontade de viver.
Por isto é tão
necessário partir...
Sair na direção das realidades que nos
ausentam.
Lugares e
pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias...
Hospitais,
asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem!
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem!
Mas não leve
muita coisa...
Não tenha
medo das ausências que sentirá.
Ao adentrar o território alheio, quem sabe
assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é
seu.
Não leve os
seus pesos...
Eles não lhe
permitirão encontrar o outro.
Viaje leve,
leve, bem leve!
Mas se leve!
Padre Fábio
de Melo.
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