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terça-feira, 7 de maio de 2013

A JANELA DOS OUTROS!



A JANELA DOS OUTROS!

No livro de ficção “Os desafios da terapia” do psiquiatra Irvin Yalom, ele discute alguns relacionamentos padrões e reais entre terapeuta e pacientes.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai.
Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem.
Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada.
A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney.
E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiria a viagem sem trocar uma palavra.
Muitos anos depois, essa mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga.
 Estando agora no volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista.
 E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário do seu pai, que a esta altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia:
 a gente só tem olhos para o que mostra nossa janela, nunca a janela do outro.
 O que a gente vê, é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta.
 Para uns, o pedágio sai caro, para outros, não pesa no bolso.
Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança.
Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias.
Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho.
 Deixa-me menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo.
Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar.
Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios.
 E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise.
É o triunfo da dúvida...
Vale a pena pensar nisto!



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