O
ESTRESSE E A DESCOBERTA DE SI.
O
stress é uma palavra que se tornou muito popular em razão de nosso ambiente
moderno, do nosso modo de vida agitado e, podemos dizer, do caráter
imperiosamente rápido de nossa vida profissional. Então, o stress se apresenta
como um tipo de justificativa para explicarmos o surgimento inesperado de
doenças psicossomáticas. Na verdade, o que não dizemos suficientemente é que
toda a doença é a consequência de um desequilíbrio e que o stress se origina
deste desequilíbrio. Mas nesse caso é necessário redefinir este termo.
O
stress não é algo negativo, o qual somos condenados a suportar. O ser humano
não deve mais se comportar como uma jangada que, no meio de um grande oceano,
se deixa balançar pelas ondas do stress. É possível a cada indivíduo controlar
sua embarcação através da busca do controle da vida, do controle do stress, ou
seja, do controle da energia que produz o stress.
Esta
energia do stress não é absolutamente uma energia negativa. É uma energia que
nasce e se associa a situações vividas pelos indivíduos. Ela é regida por leis
como, por exemplo, a lei da mudança. Muitas pessoas têm dificuldades de se
adaptar às mudanças, embora, na maioria dos casos, a mudança seja para melhor,
salvo se nos opusermos a ela. O stress negativo é nossa oposição às leis da
vida.
Tomemos
o caso da ansiedade. Sabemos que ela está ligada a uma resposta negativa ao
stress, simplesmente porque o indivíduo, em vez de se colocar em harmonia com a
energia que o conduz a uma mudança, se opõe a ela. Quer se trate de uma mudança
no caráter, na vida familiar ou no ritmo de vida, esta oposição gera ansiedade.
Por outro lado, qualquer um que não dorme o suficiente se arrisca, cedo ou
tarde, a ficar estressado e nervoso, simplesmente porque não recupera a energia
que deveria levá-lo ao sono. É como se o indivíduo contrariasse as leis
naturais e, com isso, originasse uma condição desconfortável. O desconforto
significa ficar estressado. Se essa pessoa reservasse algum tempo para refletir
ou para fazer alguns questionamentos e escutasse o seu Eu Interior, saberia que
é possível ouvir uma pequena voz.
Falamos
do stress como sendo um desequilíbrio, e, portanto, vencê-lo é nos
reequilibrarmos, ou seja, encontrarmos, através de certos exercícios, as bases
que nos permitam descobrir e manter o contato com o nosso Eu Interior. Logo que
desenvolvermos esse contato, será possível nos colocarmos em harmonia pela
consciência com esta energia que é uma energia inteligente e que produz o
stress. Alguns vão chamá-la de Energia Universal Cósmica, de Grande Arquiteto
do Universo, ou, simplesmente, Deus. O que importa é que cada um pode aprender
a se harmonizar com esta energia de vida que está presente em nós e em torno de
nós. Ela está no universo inteiro como uma grande inteligência e é inteligível
quando reservamos um tempo para escutá-la. Infelizmente, nossa vida é feita de
um ritmo muito rápido, fonte de impaciência e de insatisfações. Não reservamos
um tempo para pararmos, nem que seja por um minuto, para mergulharmos no
interior de nós mesmos e tentarmos escutar as respostas às nossas solicitações.
É por isso que somos estressados negativamente.
Se
apresentarmos aqui o stress como ele é geralmente conhecido, poderemos
defini-lo como o conjunto das condições de desequilíbrio com as quais o
indivíduo é confrontado. Estas poderão ser um vexame, uma contrariedade ou uma
incompreensão por não ter usado as palavras certas ou porque não foram compreendidas.
Consequentemente, o indivíduo manterá pensamentos negativos, os quais
chamaremos de envenenamento mental. Este envenenamento mental é muito ativo,
pois causa a insônia e, com isso, impede um sono reparador, obrigando o uso de
soníferos e tranquilizantes. Levantar-se pela manhã fatigado: esta é a
característica do stress. Em última análise, é uma tensão, um estado onde nos
sobressaltamos ao menor barulho, com palpitações à menor estimulação exterior.
Não podemos mais usar a energia positiva que temos em nós, pois ela está
bloqueada justamente pelo envenenamento mental que faz com que só pensemos em
coisas negativas. Então, agimos mais ou menos com pessimismo e com uma
tendência a nos atritar. É isso que chamamos de stress e que repudiamos mais frequentemente
nos outros do que em nós próprios. Dizemos que são as condições exteriores, que
é o ritmo da vida, acusamos a poluição etc.
É
muito raro que as pessoas digam: “eu que estou errado, eu que compreendi mal”.
Os outros têm as suas razões e nós as nossas, mas nós não os compreendemos. Se
não nos detivermos por um momento e se não reservarmos um tempo para meditar,
não conseguiremos mais nos equilibrar interiormente e encontrar a fonte desta
energia que flui em nós e que nos proporciona a boa saúde. Jamais estamos
perfeitamente saudáveis. Não é possível estar sempre num estado de equilíbrio
perfeito, que seria a boa saúde, simplesmente porque existem todas essas
condições que fazem com que constantemente nos deixemos desequilibrar. Visto
sobre este ângulo, o stress é negativo. Reflita sobre isso!
Dr.
Paul Dupont, FRC
* Excerto do Livro “O Estresse e a
descoberta de si”, publicado pela AMORC
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