DESEJO DE SOLIDARIEDADE!
Solidariedade
é um termo muitas vezes utilizado para caracterizar os apelos que se referem a
situações transitórias e de solução emergencial. Ou seja, situações pontuais
com espaço e tempo determinados. Por exemplo, solidariedade com os portadores
da Aids, crianças diabéticas, guerras, holocaustos etc. Essas situações são
importantes porque colaboram na construção da história da humanidade. É a
solidariedade feita de ações isoladas, mas que floresce de tempos em tempos e
evidencia o desejo do ser humano em ser solidário.
A questão é que no momento
político e social em que vivemos, essa abordagem, a da solidariedade pontual e
específica, não é mais suficiente. Considerando-se a desigualdade e exclusão
social que impera no mundo, é emergencial uma proposta de solidariedade como
linha condutora intrínseca de todo e qualquer investimento pessoal e social.
Portanto, nessa reflexão, o
termo solidariedade vai um pouco além do que o pontual e específico. A nossa
proposta é de abordarmos a “sensibilidade solidária”. Trata-se de uma
solidariedade estrutural, atuando como ponte mediadora entre o desejo de ser
solidário e a operacionalização desse desejo.
Em recente publicação, Assmann e
Sung1 apresentam um estudo de como podemos ao
menos tentar superar a
brutal exclusão social que marca o nosso tempo. Para esses autores, é
fundamental que o desejo de solidariedade comece a fazer parte da dinâmica do
desejo das pessoas e da sociedade. Considerando a Educação como mola mestra
desse processo, eles apresentam dez elementos fundamentais para a formação de
um quadro de valores educacionais solidários. A reflexão desses autores, em
grande parte, gira em torno de uma dimensão profunda dos nossos desejos
enquanto abertura relacional.
Dessa forma, compreendemos que
há necessidade de mudar muitas coisas nesse mundo, mas a nossa contribuição
concreta está condicionada a forma como nos relacionamos com o mundo, ou seja,
ao fato de saber viver neste mundo, ao
fato de gostar deste
mundo. Por isso às vezes é saudável frear-se no tempo e perguntar-se: como
realmente estamos vivendo? Quais os efeitos de nossas ações sobre as outras
pessoas e sobre o mundo que está a nossa volta? Há pequenas coisas que podem
concretamente ser melhoradas no nosso cotidiano e no das pessoas que nos
cercam. A melhor maneira talvez não seja criticar o que ainda não foi feito ou
sonharmos com atividades solidárias distantes do nosso alcance. Os menores
trabalhos são os mais importantes porque nos trazem resultados visíveis e
demandam um nível de crença acessível às pessoas comuns.
Solidariedade e desejo de
solidariedade não é algo que se encontra pronto, como predisposição natural do
ser humano. Solidariedade se constrói e está disponível a todo ser humano
predisposto a mudanças!
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