A NATUREZA ... É HUMANA!
Como Rosacruzes, na Senda em que caminhamos tomamos consciência de que para a
compreensão do mundo metafísico, é mister o conhecimento do mundo físico. Tudo
o que materialmente nos rodeia e nos cerca não apenas nos envolve, mas,
principalmente, nos contém. Assim sendo, o Rosacrucianismo nos revela que somos
seres espirituais vivenciando uma experiência humana, terrestre e, exatamente
por isso, somos parte de um todo completo e complexo, coeso e indissociável,
elaborado com perfeição e maestria inigualáveis pela Inteligência Cósmica.
Somos, pois, o resultado de uma alquimia transcendental, assim como é fruto
dessa mesma alquimia todo o mundo visível – apenas para citar o óbvio –, a que
a Ecologia chama de Meio Ambiente, do qual somos elemento de completude.
É evidente que atingir um estado pleno de harmonia
entre o Eu e o Mestre Interior, entre o Eu e o Outro e entre o Eu e o Meio
é conditio sine qua non para viver a Harmonia Cósmica nos
planos físico, mental, emocional e espiritual. Todos os ensinamentos que nós
rosacruzes recebemos visam nos dar a direção para isto: “a harmonização total
com as forças universais mais positivas”.
Viver, pois, em plena harmonia conosco e om nosso
íntimo, com os outros (lar, comunidade, sociedade, humanidade) e com a Natureza
é fator fundamental para que entremos em contato com aquilo que a Ontologia
Rosacruz nos revela ser “o plano mais elevado de consciência que se pode alcançar
harmonizando-se inteiramente com o Cósmico”: o Sanctum Celestial.
Todavia,
atualmente parece que, por negligência, descaso ou ambição desmedida, o homem
insiste, em nome daquilo que não é sequer humano, em interferir de modo nocivo
no equilíbrio ecológico, que constitui, na essência, a harmonia do próprio
meio do qual somos parte.
Os
sinais desse terrível desequilíbrio, mais que notáveis, já são sensíveis em
todas as partes do globo. E o que é pior: a Ciência já constata que processos
como estes a que assistimos agora, uma vez iniciados pela Natureza, são quase
irreversíveis.
Ora,
se o ser humano é parte integrante do todo completo e complexo que é a
Natureza, esta é também, essencialmente, humana. Uma vez desarmonizado com
aquilo que o cerca, o homem gera um conflito universal que o atinge
diretamente. A conclusão é triste e óbvia: poluir rios e mares, contaminar
lençóis freáticos, degradar e destruir matas e florestas, tornar inóspita a
atmosfera com emissão de gases poluentes que colaboram para o aquecimento
global e dizimar espécies animais, além da própria raça humana, é o mesmo que
desequilibrar Água, Terra, Ar, Fogo e Vida.
Lesar
a natureza é lesar a Humanidade, e atentar contra a Humanidade é desconstruir
tudo aquilo que o Cósmico, em sua Suprema Sabedoria, engendrou em prol de
nossas Evolução e Iluminação, estágios que passam necessariamente por nossas
temporadas na Terra.
Preocupada com essa escalada suicida empreendida
pela Humanidade, a AMORC, em seu Positio Fraternitatis Rosae Crucis,
dedica especial atenção para as relações entre homem e meio, e alerta:
“É evidente que a sobrevivência da espécie humana
depende de sua aptidão para respeitar os equilíbrios naturais. (…) A proteção
da Natureza e, portanto, a salvaguarda da Humanidade, tornou-se uma questão de
cidadania (…). Isso é ainda mais importante porque o próprio conceito
de Natureza mudou e porque o Ser Humano está se sentindo parte
integrante dela; não se pode mais falar, hoje em dia, em ‘Natureza em si
mesma’. A Natureza há de ser, portanto, aquilo que o Ser Humano queira
que ela seja”. (p.23 – grifos meus).
A pergunta da vez
parece ser: “O que o homem quer que a Natureza seja?” Não é em vão que a
revista O Rosacruz tem dado espaço cativo ao assunto em suas
edições. É papel de todo cidadão, em geral, e de todo rosacruz, em particular,
agir de modo efetivo para que o sonho do poeta Carlos Drummond de Andrade,
expresso no poema “O homem; as viagens”, de fato aconteça entre nós e colabore
para que alguma Humanidade exista e prossiga na Senda da Iluminação.
Parafraseando o poeta Drummond, espero que o homem possa empreender a
dificílima, dangerosíssima viagem de si a si mesmo e que possa pôr os pés no
chão do seu coração, para descobrir a arte de “conviver” em harmonia consigo,
com os outros e com a Natureza, esta que, não por acaso, insistimos em chamar
de Mãe.
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