O MUNDO AO NOSSO REDOR!
O
desenvolvimento da atitude de uma criança para com o mundo natural depende
grandemente da observação das atitudes e ações de seus pais. Os pais são,
decididamente a influência mais importante na formação dos valores pelos quais
suas crianças considerarão o meio ambiente.
Se meus filhos me virem atirar
latas vazias e outros resíduos pela janela do carro, é quase certo que eles
passarão a acreditar que essa é a maneira normal de nos livrarmos de restos,
quando em um carro. Se me virem derrubar pequenas árvores ou arrancar arbustos
para abrir espaço para acampar ou pescar, aceitarão tal maneira de proceder
como natural.
A limpeza e preservação do meio
ambiente não é apenas uma questão de aplicarmos nosso conhecimento científico,
como muitos de nós gostaríamos de pensar, mas na verdade, envolve uma mudança
de nossas atitudes. Dispomos da tecnologia, mas até que cada um de nós, como
indivíduos, sinta intimamente a responsabilidade de fazer aquilo que seja
necessário para acabar com os abusos cometidos contra nossa maior herança, o
mundo natural, pouco será conseguido. E desde que muitos de nós não fomos
habituados desde a infância a sentir essas responsabilidades, nossos problemas
de poluição e degradação do meio ambiente se tornam principalmente um problema
para educar nossos filhos. Somente com uma mudança de atitude os esforços em
favor do Planeta terão resultados.
No desenvolvimento de um valor
novo em nossa sociedade, acredito repousar a maior esperança
de salvação para o nosso meio ambiente. A educação torna-se, portanto, um
problema de como melhor podemos instilar em nossos filhos esse valor que fará
com que, quando adultos, não apenas aceitem o cuidado necessário para proteger
nosso ambiente mas sintam que a preservação desse mesmo ambiente é normal e
natural, e que isso é o que tem de ser feito. Sem
dúvida, isto pode ser conseguido, porém somente se ensinarmos aos nossos filhos
que somos tanto uma parte do ambiente quanto o são todas as demais coisas
viventes; que há relação mútua entre nós mesmos, os animais e a vida vegetal
que cobre a superfície da Terra.
Se pudermos ensinar aos nossos
filhos de modo que se tornem cientes da vida ao seu redor, para que manifestem
respeito e sentimento de afinidade para com ela, então muitos dos problemas da
preservação estarão automaticamente solucionados. Eles abrigarão o desejo
fundamental de preservar seu ambiente porque acharão natural viver em harmonia
com tudo que os cerca. Compreenderão que toda a vida é uma parte de sua própria
existência, e quem deseja prejudicar uma parte de si mesmo?
Como ensinar aos nossos filhos o
valor da ecologia? A resposta é dupla. Primeiro, devemos lembrar que devemos
dar o exemplo. Podemos dizer-lhes repetidamente: ”Não sejam desorganizados!”
mas, se eles observam que nós também o somos, que farão? Nossas próprias ações
os influenciarão muito mais do que qualquer número de lições orais.
As observações dos pais são
especialmente benéficas, quando estes estão dispostos a explicar suas ações.
Não somos desorganizados, e explicamos porquê. Não matamos animais e explicamos
a importância de deixar que outras criaturas sigam seu próprio caminho na vida.
Deixamos as plantas nativas em paz nos bosques e florestas durante os passeios
e explicamos como é importante que o façamos.
Há pouco tempo, minhas crianças
e eu estávamos entrando no carro quando uma abelha penetrou na manga da minha
camisa e ferroou o meu braço. Minha filha de sete anos disse que preferia que
não houvesse abelhas; que as abelhas eram más!
Essa afirmação inocente,
ofereceu magnífica oportunidade para uma rápida lição sobre as maneiras
naturais e instintivas de reagir dos animais e insetos. A abelha apenas fizera
o que era natural quando se viu apertada entre meu braço e a manga da camisa.
Contei-lhe sobre a importância das abelhas na fabricação de mel e na
polinização das plantas. Assim, usei uma experiência desagradável para incutir
em meus filhos uma atitude de apreciação e defesa da natureza.
A segunda maneira de auxiliarmos
nosso filho a desenvolver valores ecológicos requer um pouco mais de tempo e
atenção. Quase todos nós vivemos em áreas congestionadas pouco favoráveis ao
contato com a natureza. Eu mesmo vivo em uma região razoavelmente povoada, não
obstante, bem perto da minha casa há uma área parcialmente arborizada que é a
última barreira contra os avassaladores projetos de construção. De vez em
quando, meus filhos e eu perambulamos por esta região e falamos sobre as coisas
que vemos.
Examinamos tocas de roedores
para ver se são recentes ou antigas e se estão habitadas ou abandonadas.
Procuramos aranhas em suas teias. Comparamos o cheiro de diferentes plantas.
Algumas vezes, sentamos e ouvimos as coisas que não podemos ver. Ouvimos o
cantar dos pássaros, os arbustos se moverem e os insetos zunirem. Estou
ensinando-lhes a usar todos os sentidos. O olfato e a audição são meios
compensadores para sentir a individualidade dos animais e do mundo vegetal que
os abriga.
O contato com a natureza não é
tão difícil como parece. É desnecessário empreender longas caminhadas às
montanhas ou ao deserto para fazer com que nossos filhos apreciem o mundo
natural. Queremos que eles compreendam que há vida tanto nas inúmeras e
maravilhosas espécies das colinas próximas quanto nas impenetráveis selvas da
Amazônia ou da África. Na verdade, algumas das caminhadas mais
proveitosas podem ter lugar em nosso próprio quintal. A ideia não é apenas
transmitir-lhes conhecimento sobre florestas, mas ajudá-los a se tornarem
conscientes da importância de todos os aspectos da vida, desde o menor inseto à
mais pujante árvore.
Sentemos com nossos filhos na
grama do quintal e comecemos a observar. Tenhamos uma lupa à mão. É possível
que não apenas consigamos fasciná-los com a grande variedade de animais de
aparência estranha, mas provavelmente nós também ficaremos tão fascinados
quanto eles. Observemos as mariposas aglomerando-se em volta da luz da varanda,
à noite; comparemos umas às outras. Quando em um piquenique ou uma excursão ao
campo, façamos um passeio para apreciar a natureza.
Não tentemos ensinar aos nossos
filhos o ciclo de vida de um pinheiro, mas fazer com que eles cheirem
diferentes espécies de flores e arbustos. Procuremos ouvir o farfalhar no
matagal, procuremos pássaros ou borboletas. Sentemo-nos tranquilamente e
deixemos que eles vejam o mundo se tornar vivo ao seu redor, em odores, ruídos
e visões. Façamos isto em qualquer lugar. Eduquemo-nos à medida que os
educamos. Verificaremos que isto se tornará um passatempo verdadeiramente
proveitoso e, com o passar dos anos, nossos filhos aprenderão algo mais
importante do que simples fatos biológicos; eles terão se tornado conscientes
de que há vida em tudo que os rodeia, e que ela é maravilhosa, bela, e
incrivelmente variada. E desde que eles se apercebam da importância de todas as
coisas viventes no esquema da natureza, crescerão desejando proteger seu
ambiente contra todos os abusos.
A recompensa de semelhante valor
ecológico será tremenda não apenas para nós mesmos, como indivíduos, mas para
nossos filhos e também para todas as coisas viventes. Aprenderemos que Deus não
está morto, que ele não deixou de existir devido à arremetida tecnológica do
homem, mas que, de algum modo, nós simplesmente o esquecemos! Aprendendo
a considerar toda a vida e a nós mesmos como um todo complexo, nós e nossos
filhos finalmente sentiremos Sua presença. Vivendo em harmonia com o nosso
ambiente, descobriremos que a vida é realmente algo que podemos cheirar, ouvir,
tocar, ver e degustar, como foi destinada a ser. Somos dela uma parte, e ela é
parte de nós; portanto, ela deve ser preservada para todo e sempre.
Com semelhante compreensão e
crença instilada em nossos filhos por um valor ecológico, então, quem poderá duvidar
de que o futuro de nossa grande herança natural perdurará para os nossos
filhos, para os filhos dos nossos filhos e para todas as coisas viventes
desfrutarem pelas gerações vindouras?
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