O AMOR CRÍSTICO NO MARTINISMO!
O Martinismo é uma via altamente iniciática que remonta ao século XVIII. A doutrina secreta dos mistérios antigos foi ensinada por Martines de Pasqually e, posteriormente, adaptada à mística judaico-cristã por Louis-Claude de Saint-Martin. Foi transmitida pelo Dr. Gerard Encausse, mais conhecido como Papus, e por Augustin Chaboseau, no século XIX, para se restaurar em Ordem tradicional iniciática em 1931.
Hoje, seu ensinamento iniciático é perpetuado pela Tradicional Ordem Martinista, dentro da Antiga e Mística Ordem Rosacruz, AMORC, que soube preservar a pureza original de sua mística e de suas iniciações.
A via Martinista, conforme elaborada por Louis-Claude de Saint-Martin, é uma via interior que permite realizar a comunhão com Deus a partir do coração do ser humano. É considerada uma via cardíaca, a via do amor que conduz ao abrasamento do coração do homem pelo Divino. “Nessa senda, não é a cabeça que devemos abrir, mas o coração”, afirma Saint-Martin.
O ensinamento martinista visa abrir o coração ao amor de Deus. Ora, o problema essencial do homem é a separação que existe entre sua inteligência e seu coração. “É porque sua cabeça e seu coração não estão mais interligados que o ser humano se perde e comete tantos erros na vida”, acrescenta ele. “Quando, ao contrário, sua mente e seu coração se interligam, Deus se une naturalmente a ele e, nesta experiência de amor, o homem pode contemplar todos os mistérios da Criação”.
Segundo a tradição Martinista, o universo e o homem não estão mais em seu estado original, pois a harmonia que caracterizava a Criação em suas origens foi rompida. Com efeito, os mitos da “idade de ouro” ou do “paraíso perdido” das mitologias judaico-cristãs são comuns a numerosas tradições.
Assim, a busca fundamental do ser humano é reencontrar o estado privilegiado de união entre sua alma e Deus, estado em que ele vivia no momento das emanações divinas, como vimos na doutrina da Cabala.
A história do ser humano está resumida nas três etapas simbólicas de sua jornada espiritual: a do homem da torrente, a do homem de desejo e a do novo homem. O que Saint-Martin chama de homem da torrente é a condição do ser humano que se sente em exílio na terra, porque não é mais capaz de alcançar o conhecimento de si mesmo através do olhar de Deus. Ele cometeu o erro de se perder no mundo das aparências, o mundo temporal, e adormeceu para o mundo espiritual. Diz-se, simbolicamente, que ele vivenciou a Queda. Mas quando ele toma consciência de sua condição de exilado, quando se lembra de uma grandeza perdida e almeja reencontrar sua pureza original, torna-se um homem de desejo: o desejo de Deus. Sabe, então, que o que ele deseja não é deste mundo, e é por isto que ele se afasta continuamente, impelido por uma imensa necessidade de se fechar em si mesmo, como que para reencontrar a faculdade que lhe permitia outrora compreender tudo com sabedoria. Como voltar ao estado paradisíaco de antes da Queda, no qual ele era a um só tempo pensamento, palavra e ação de Deus? Aí está toda a busca Martinista, chamada de a Reintegração no amor de Deus, que deve ser feita pela união das faculdades da inteligência com as do coração.
O coração é o cadinho alquímico onde o Martinismo executa sua grande obra. É a pedra “viva” sobre a qual erguemos nosso templo interior. O coração, como nos diz Saint-Martin, “é o lugar onde todas as nossas faculdades se reúnem e manifestam sua ação; e estas faculdades provêm de todos os reinos que nos constituem, ou seja, o corporal, o espiritual e o divino”.
O coração é o cadinho alquímico onde o Martinismo executa sua grande obra. É a pedra “viva” sobre a qual erguemos nosso templo interior. O coração, como nos diz Saint-Martin, “é o lugar onde todas as nossas faculdades se reúnem e manifestam sua ação; e estas faculdades provêm de todos os reinos que nos constituem, ou seja, o corporal, o espiritual e o divino”.
Finalmente, é no coração que se tornou vivo que o amor vai agir, provocando uma transformação interior de todo o ser. Pouco a pouco, abandonamos nossa velha personalidade, isto é, o velho homem que éramos, para nos tornarmos um novo homem. Saint-Martin descreve esse processo de regeneração espiritual como sendo o nascimento do Cristo em nós.
*Do livro “As Grande Vias do Amor”, Aline Charest, publicado pela AMORC-GLP
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