MARCAS PARA SEMPRE!
“Há pessoas que nos falam e nem as
escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas
vidas e nos marcam para sempre.”!
Estava vagando rumo a entrega do meu
destino e a minha face se perdeu em meio ao vão. A verdade que estava presa a
mim e ao meus olhos foi esquecida e aos poucos fui perdendo a cor, fui perdendo
o sentido. E assim, me desmanchando fiquei invisível diante do mundo e a quem
sou. Já não me via da mesma maneira, não enxergava o meu entusiasmo, não
reconhecia meu próprio sorriso e desconhecia os sonhos e expectativas que
viviam em mim. Fui me deixando morrer pela vida, ela me matou e me deixou
vivendo. Esqueci do meu eu, de quem fui
e de quem sou.
Os sonhos me disseram adeus por causa da desistência
que bateu a minha porta, mas afinal, o que me restou? Um eco desesperado
lutando para achar uma saída que respondesse as minhas dúvidas. Nada havia
sobrado, pois de sonhos eu era feita. Aparentemente tinha me tornando uma alma
penada perambulando pela existência num céu obscuro. Não estava contente e não
sentia mais a realização, precisava urgentemente recuperar o brilho que ainda
existia e que havia se perdido em meu interior.
Olhei fundo nos meus olhos diante do espelho e a
minha essência não estava mais lá, as dificuldades, fracassos, erros e a dor em
especial, apagaram-na. Estava vazia e preta e branca.
A vida me soprou e fez com
que eu caísse de um penhasco, me larguei no meio do andar pois não resisti aos obstáculos, mas ao mesmo tempo
senti fome de disposição e melhoria, então foi aí que decidi lutar pela busca
da minha face, precisava da minha cor de volta. Resolvi percorrer o sombrio da
noite em busca do Sol fui em busca da
serenidade e vitalidade, penetrei no meu ser e conheci o que sou, e quem sabe,
lembrarei e voltarei a ser o que era, aquele alguém rico em sonhos e em
esperança que se mantinha na tentativa de conquistar o almejado que lhe fazia
vibrar.
Das minhas mãos,
olhos e pele vejo as marcas que a vida deixou e que permiti que ela deixasse.
Não podia me render as armadilhas criadas pela minha mente traiçoeira. Tinha
que domar o medo e o vendaval que habitava a mim, pois sou maior do que a
ilusão... sou real. Precisava sair da
ilha para observá-la, como disse Saramago.
O amargo da minha boca foi
conhecendo outros paladares, outras visões e perspectivas, assim pude sentir
levemente o doce da minha boca e da minha vida novamente. O meu rosto magro,
passou a ficar mais corado e carnudo; a noite que era tão temida e que abrigava
um sombrio desconhecido, rugia o grito
dos fantasmas moradores da minha consciência que se calou.
Passei a ter sonhos melhores, a sentir paz e a
pensar vento por instantes. Enfrentei o silêncio do calar, me abracei na
solidão e entendi o que era solitude.
Pretendia voltar a flutuar em meus pensamentos,
queria voltar a me imaginar com um futuro sendo aquela mistura de um alguém que
sou e que posso ser. Sentia necessidade de me expressar e de ter minha voz
enfatizando o que me fazia vibrar. Queria poder rever o colorido da minha face.
A lembrança do suave que se escondeu num mar de
terremotos foi se clareando, tornando-se uma sensação prazerosa de
possibilidades. Mas para não correr o risco de oscilar, viajei pelo caminho que
ficou para trás e descobri em qual espelho ficou perdida a minha face, que
talvez tenha se perdido no reflexo do meu ser. Vasculhei na minha memória cada
momento e situação mal resolvida que passou despercebida e que não foi
enfrentada por mim.
Usei de minhas forças
oriundas da imensidão do que sou para encontrar as minhas respostas que
poderiam ter se escondido na falta de interpretação e turbulência mental,
afinal é preciso abraçar a dor para acariciá-la. Dessa forma pude entender o
que é, e ao adquirir discernimento a respeito do que me rodeava, passei a lidar
com o que surgiu de uma forma benéfica, racional e questionadora, aproveitando
os aprendizados com sabedoria e não me vitimizando.
Quando atingi a aceitação do
que me foi reservado ou tido por consequência passei a me ver verdadeiramente,
enxergando então a minha alma de uma forma mais vibrante, inteira e resolvida,
afinal passei a me encarar para modificar meu destino, evitando a contaminação
do futuro, já que cuidar do presente passou a ser prioridade.
Interiorizei que nada é fácil, e nem difícil, e sim como deve ser.
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