O SILÊNCIO!
Nós os
índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade,
para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos
ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles
nos
transmitiram esse conhecimento.
"Observa,
escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a
maneira correta de viver.
Observa os
animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os
anciões para ver como se comportam.
Observa o
homem branco para ver o que querem.
Sempre
observa primeiro, com o coração e a mente quietos,
e então
aprenderás.
Quanto
tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês,
brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios
às crianças que falam mais na escola.
Em suas
festas, todos tratam de falar.
No trabalho
estão sempre tendo reuniões
nas quais
todos interrompem a todos,
e todos
falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam
isso de "resolver um problema".
Quando estão
numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam
preencher o espaço com sons.
Então, falam
compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam
de discutir.
Nem sequer
permitem que o outro termine uma frase.
Sempre
interrompem.
Para nós
isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.
Se começas a
falar, eu não vou te interromper.
Te
escutarei.
Talvez deixe
de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou
interromper-te.
Quando
terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste,
mas não te
direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do
contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o
que preciso saber.
Não há mais
nada a dizer.
Mas isso não
é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos
pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam
plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos
ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos
ficar em silêncio para escutá-la.
Existem
muitas vozes além das nossas.
Muitas
vozes.
Só vamos
escutá-las em silêncio.
"Neither Wolf nor Dog. On
Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn
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