A RESPONSABILIDADE DO FUTURO!
Por
CECIL A. POOLE
Há
algum tempo notei, em meu escritório, que uma corrente de ar movia
continuamente uma página do calendário pendurado na parede oposta à minha
escrivaninha. Toda a vez que o vento levantava essa página eu tinha visão
momentânea da página seguinte. O calendário em questão é impresso por uma das
principais companhias aéreas e quando o vento soprava essa página eu tinha
rápida visão de cenas coloridas.
De
momento a momento, ocorria-me pensamentos quanto ao que representava a cena da
qual eu tinha apenas tido relances de cor e desenho. Ao meditar sobre o assunto
compreendi a impossibilidade de determinar a cena total antes que levantasse a
página e pudesse vê-la completamente. Na mesma ocasião, ocorreu-me o pensamento
de que em determinado sentido estava vendo o futuro, estava vendo o mês
vindouro. O que eu via, porém, não constituía informação que fosse de valor ou
de usa imediato. Se tirasse conclusões quanto ao que era realmente a cena da qual
havia apenas tido relances, elas seriam errôneas devido à minha incapacidade de
perceber a cena total como um único objeto ou entidade.
Vivemos
numa era em que grande parte do pensamento se volta para o futuro. A maior
parte das notícias diz respeito, não apenas a acontecimentos que ocorreram ou
que estão para ocorrer, mas também como podem afetar o futuro. A despeito dos
métodos que possamos usar, para conhecer alguma coisa do futuro, nossos
lampejos são semelhantes aos que tive da cena do mês seguinte na folha do
calendário. Nossas impressões futuras são as que se revelam incompletas e além
da capacidade de percepção da mente humana.
A
maior parte das predições está baseada na lógica. De acontecimentos que
ocorreram e estão ocorrendo, prevemos efeitos que culminarão no futuro. Até
certo ponto, podemos predizer o futuro de acontecimentos já em curso. O mundo
comercial usa este sistema eficientemente e tanto quanto ele é verdadeiro e
útil. Todavia, o que dá validade a essas previsões são os fatores desconhecidos
que podem ocorrer entre o momento e o tempo selecionado no futuro para a
culminação de uma série de acontecimentos.
Por
exemplo, se determinada soma de dinheiro for colocada numa conta bancária que
renda juros, podemos matematicamente computar a importância que ali haverá em
qualquer tempo no futuro. Utilizamo-nos do principal como base, da taxa de
juros paga e do tempo que escolhemos. Com essa informação, podemos presumir e
predizer como acontecimento futuro, que em determinada data, o capital total será
determinado soma que terá sido acumulada como resultado dos juros a ela
adicionados.
Ao
fazermos tal predição, presumimos que não haverá acontecimentos imprevistos que
afetem a manutenção do Banco no qual colocamos nossos fundos ou a sua
capacidade de pagar os juros e conservar o capital. Com toda probabilidade,
nossa predição será correta, porém em predições mais complexas, acontecimentos
podem ter lugar tornando incerto o futuro. Outros métodos têm sido usados pelos
homens para predizer o futuro, nenhum dos quais, porém é infalível e é bom que
não o seja, porque o homem vive no presente. Se o homem pudesse predizer o
futuro, este seria modificado como resultado de sua conduta.
Em
tempos recentes, há tanta atenção dispensada ao futuro que se desenvolveu a
tendência de muitas pessoas viverem mais no futuro do que no presente. Elas se
preocupam com a culminação de muitos planos. O pagamento de bens a prazo tem
contribuído para esse fato. Preocupamo-nos com o futuro, se contrairmos
obrigações dessa natureza devido à época em que os pagamentos terminarão.
Preocupamo-nos com a realização de outros planos, como o de um plano
educacional para nós mesmos ou à família. Quando começamos a pensar nessas
possibilidades a ponto de esquecermos as obrigações e privilégios do presente,
estamos prejudicando nosso próprio objetivo por não nos prepararmos devidamente
para o futuro que possa advir. A ênfase dada hoje em dia aos programas e planos
de aposentadoria, às vezes, monopoliza tanto tempo dos pretendentes que eles não
saberão o que fazer do tempo quando a ocasião da aposentadoria que almejam
chegar.
A
vida é um processo de existência e a existência é uma condição da qual estamos
conscientes apenas em consciência. Para nos aprofundarmos mais nesse assunto,
no que diz respeito à consciência, diremos que ela apenas existe, no momento. A
menos que usemos esse estado de consciência para adaptarmo-nos às situações com
que nos defrontamos, estaremos inadequadamente preparados para situações
futuras. A preparação sábia para o futuro, é aprender a vivermos em nosso meio
ambiente e conosco mesmos ao melhor de nossa capacidade, enquanto estivermos
cônscios da vida.
A
repetição da ênfase sobre o futuro fará com que muitos negligenciem a mais
valiosa posse que têm – isto é, a posse do momento presente. Utilizar o momento
presente é aliviarmo-nos do peso e responsabilidade do que possa ocorrer no
futuro. Tem havido crítica pela falta de preocupação quanto à responsabilidade
do que agora fazemos e possivelmente, demasiada preocupação está sendo
transferida para o futuro. Será para nosso próprio benefício e tendente ao
desenvolvimento de cada pessoa transferir esse peso para o momento presente e
usar as oportunidades atuais ao melhor de sua capacidade. O peso, a preocupação
quanto ao futuro, será então aliviado até certo ponto, e poderemos nos preparar
para essas circunstâncias quando e se tivermos de enfrentá-las como experiência
real.
Compartilhado
- AMORC
Nenhum comentário:
Postar um comentário