A escada...!
Minha amiga Mildred fazia progresso,
recuperando-se lentamente de um derrame cerebral. Ela ainda lutava para
sentar-se direito e para falar.
A cada vez em que eu a visitei no asilo, as
linhas de frustração
em seu rosto estavam um pouco
mais profundas. A frase que ela mais pronunciava era,
- Por quê?
E nada que eu dissesse trazia-lhe conforto. Lutei
também. Em minhas orações eu pedi, - Senhor, como posso ajudar?
Certa noite me despedi de Mildred e fui jantar com
minha mãe.
Fui ao banheiro lavar as mãos e notei algo
peculiar: uma longa faixa de papel higiênico cobria boa parte da bacia da pia.
- Mãe, o que este papel está fazendo aqui?
Perguntei.
- Havia uma aranha na pia.
Ela deslizava toda vez que tentava sair e eu quis
ajudá-la, então eu fiz uma escada. Minha mãe respondeu.
- Acho que funcionou. Ela não está mais aqui.
Respondi.
Retirei a "escada," pensando em minha
amiga Mildred.
Ela estava presa também, e eu já tinha trabalhado
muito tentando levantá-la. Talvez o que ela precisasse fosse mais
como o que minha mãe tinha oferecido à aranha.
Em minha visita seguinte, Mildred outra vez perguntou,
- Por quê?
Eu não tentei achar uma razão. Eu peguei em sua mão
e, no silêncio, eu vi como a amizade pode ser uma escada.
Palavras ou explicações deixaram de ser
necessárias, apenas a simples confiança da amizade e minha amiga Mildred
percebeu
que não encararia sua luta sozinha.
Não deixe quem você ama encarar uma luta como essa
sozinha... que a amizade pura seja a escada que lhe
trará
uma alegria para toda vida...
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