PAI, ME AJUDA A OLHAR!
“Diego
não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovakloff, levou-o para que descobrisse o
mar. Viajaram para o Sul.”
“Ele,
o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando”.
“Quando
o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito
caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.”
“E
foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de
beleza.”
“E
quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao
pai: Me ajuda a olhar!”
“Pai,
me ajuda a olhar!”
Diante
do mar, somos todos crianças
Os
breves anos da jornada terrena assemelham-se à espuma, que, tão logo chega,
desaparece.
Para
aquele que tem o coração desperto, o visível é testemunho do Invisível.
“O
real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da
travessia.” (Guimarães Rosa).
“Há
um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do
nosso corpo... e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares.”
“É
o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa).
A
travessia é o que embeleza e justifica uma existência; o resto são pormenores,
o resto é detalhe.
A
criança pequena da história, diante da magnitude do mar, recorre ao seu pai, e
diz: “Me ajuda a olhar!”.
Que
sabem os olhos humanos acerca da vastidão e dos mistérios que o mar
esconde?
O
mundo é um mar. Cada novo dia traz junto de si pesos e obrigações, e também
bênçãos e oportunidades.
Cada
novo dia desvenda preciosas oportunidades, únicas e inestimáveis.
O
segredo do bem viver talvez seja permanecer desperto para as bênçãos que cada
novo amanhecer anuncia.
O
mar da existência é certamente muito mais rico e profundo do que
qualquer ser vivente jamais possa sondar.
E
diante da vastidão e do fulgor da existência, é sinal de sabedoria de coração
pedir com sinceridade:
“Pai,
me ajuda a olhar!"
“O
olho é a lâmpada do corpo. Se teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de
luz”, ensinou-nos o incomparável Mestre:
“Pai,
me ajuda a olhar!”
Na obra “O Livro dos
Abraços”, o escritor uruguaio Eduardo Galeano compartilha um comovente relato:
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