EU... CONTEI...!
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que
faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo
para lidar com mediocridades.
Não quero estar em
reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando
destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para
discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já
não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade
cronológica, são imaturos.
Detesto fazer
acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do
coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se
escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida
valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
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