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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

PACIÊNCIA, MEDITAÇÃO E ARQUÉTIPOS.

 

PACIÊNCIA, MEDITAÇÃO E ARQUÉTIPOS

(Reflexão)

Paciência, arte virtuosa dos sábios, sabedoria desenvolvida para lidar com o tempo.

É a paciência que nos leva a atuar no momento certo para a semeadura, é ela que nos possibilita atuação correta durante o cultivo, e para a colheita, então, nem se fale, é preciso ter paciência. É paciente a contemplação do florescer, assim, como a das perdas. Sim, as perdas exigem paciência.

Desta forma, entende-se que paciência não é só espera, é também ação. Ação paciente no tempo certo.

Não se pode confundir, entretanto, a espera paciente com a omissão consciente, que é um vício de se esquivar das responsabilidades pela inação, infelizmente muito em voga nos tempos presentes.

O desenvolvimento da arte da paciência se dá na observação atenta da vida, na presença plena frente a esta.

É a paciência que nos leva a esperar o tempo certo do cozimento, o tempo certo da formação que é, aliás, enquanto autoconhecimento, contínuo, tendo um começo, mas nunca um fim anunciado. Jung, por exemplo produziu pacientemente até sua transição.

Enquanto virtude biográfica, espera-se que a paciência venha com a maturidade, por isso na mitologia o jovem herói ou a jovem heroína, antes ou depois das jornadas sempre se aconselha com o velho sábio, com a grande mãe a grande sacerdotisa, que pacientemente acolhe suas dúvidas e fornece a melhor orientação para agir.

Infelizmente nos líquidos tempos que vivemos, a idade não garante o acesso à sabedoria da paciência. Assim, há muitos anciões que são ansiosos. Mas a culpa quanto a isso não lhes pode ser exclusivamente imputada, pois a sociedade, ao valoriza excessivamente a força da juventude tende a esvaziar ou até mesmo marginalizar os velhos e velhas sábias.

Em qualquer idade a meditação é uma excelente prática para o desenvolvimento da paciência, por isso tem sido praticada por crianças e adultos que uma vez sentados na calma, sem a necessidade de produção, a virtude da paciência encontra seu lugar ao ser cultivada na plena presença atingida neste estado de introversão da consciência.

A meditação pode ser também o portal de acesso ao velho e paciente sábio, à grande mãe, que jazem dentro de cada um de nós, estando presentes nos arquétipos do Si Mesmo, o Self ou Eu Interior. Tais arquétipos estão em sintonia com a riqueza do campo dos potenciais humanos, disponível no Inconsciente que pertence à coletividade humana.

Assim, medite, e cultive a arte virtuosa da paciência.

 

 Luiz Eduardo V Berni

 

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