AMAR ALGUÉM SÓ PODE FAZER
BEM!!!
Porque amar é bom demais!
Amor deveria ser um bem
comum.
Amor deveria ser grátis.
Deveria ser fácil, leve e solto. Tal qual espontaneidade de bicho do mato.
Amor deveria ser cachoeira
de águas cristalinas, que dá de beber a quem se aproxima. E deveria também ser
terra fértil, pronta pra quem quiser cultivar com as próprias mãos. Deveria ser
como o mar, a planta, a areia que nasceu neste planeta muito antes de nós e não
há cerca que pudesse forjar uma obrigação, uma definição, uma possessão. Sem
drama, sem decisão.
Amor não deveria ser
público e nem privado, porque não pertence a nenhuma empresa e nem ao estado.
Amor vem da terra, vem do mato, vem na gente antes de saber falar e entender,
antes de conhecer a carga pesada da palavra ‘amor’.
Amar não deveria ser livre.
Porque amar é a própria liberdade em si.
Todo mundo deveria ter
direito ao amor, porque amor que é amor não exclui.
Amor não deveria ter cor,
raça, nação… Amor deveria ser cego, surdo, mudo e pobre. Tão rico quanto uma
alma solta, tão farto como uma floresta e seus encantos, tão fácil quanto a
vida antes dos significados.
Amar deveria ser pomar em
território de ninguém.
O amor não deveria deixar
uns desnutridos e outros empapuçados.
O amor não deveria ser
dividido, pensado, organizado, catalogado, exigido, ignorado. O amor deveria
ser apenas compartilhado. Pega-se o que se quer, dá-se o que se tem.
Amar não deveria exigir que
a gente fosse melhor do que ninguém pra poder merecer o que já é nosso por
essência!
Amar é só energia de cura,
de carinho, de compaixão. É deitar num ombro sem saber qual a razão.
É uma expressão de beleza
dos olhos, de uma verdade das mãos.
Amor é bom, amor está antes
e além de tudo o que convém.
Amar alguém só pode fazer
bem.
Texto
de Clara Baccarin
Clara
Baccarin é poeta, escritora e tradutora. Autora do romance Castelos Tropicais
(Ed. Chiado, 2015), e do livro de poemas Instruções para Lavar a Alma (Ed.
Sempiterno, 2016). É uma contadora de histórias que adora poetizar o mundo.
Escreve por amor e rebeldia: desconstruindo verdades, brincando com as palavras
e ressignificando a vida.
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