AMIZADES
VERDADEIRAS...!!!
Amizades verdadeiras são tesouros maravilhosos
a serem encontrados nos caminhos e encruzilhadas da vida. São pepitas a serem
cuidadas e valorizadas pela riqueza que trazem às nossas almas. Infelizmente,
apenas poucos de nós as tratam adequadamente e doam o tempo que elas necessitam
para florescer e prosperar. Elas geralmente murcham por negligência quando as
deixamos de lado para assumir diversas responsabilidades e pressões que
acometem as pessoas de todas as gerações, principalmente a carreira e os compromissos
familiares.
Uma das principais razões pelas quais muitos
bons relacionamentos murcham é o surgimento de um “parceiro para a vida toda”,
possivelmente uma “alma gêmea”, mas definitivamente uma distração. Quando isso
acontece, muitos de nós sucumbem ao charme e os colocam em primeiro, por último
e no meio das pessoas com quem queremos passar um tempo. Assim, aqueles que têm
sido fiéis companheiros, aqueles com quem podemos fofocar no telefone ou marcar
um café ou um almoço, são abandonados pelo novo “grande e único” em nossas
vidas. Foi um grande conselho do autor do livro sobre Runas Celtas, Ralph Blum,
“deixar os ventos dos céus dançarem entre vocês”. Infelizmente é o que o recém
apaixonado raramente faz!
Há algum tempo, uma velha amiga, de
longa data, veio à minha porta com uma vasilha coberta e anunciou que ela
estava me apresentando o bolo da amizade, um bolo da amizade alemão que se
chama Herman e que tem circulado o globo como se fosse uma corrente por carta,
provavelmente desde logo após o começo dos tempos. A vasilha continha um pedaço
de massa e uma lista de instruções escritas à mão para o futuro bem-estar de
Herman para serem realizadas ao longo dos 10 dias subsequentes.
Nós rimos quando eu li a folha que começava
com uma advertência: “Meu nome é Herman, sou um bolo de massa azeda e preciso
ser mantido na sua bancada da cozinha por 10 dias sem a tampa. Eu morrerei se
me colocar na geladeira. Eu morrerei se eu parar de borbulhar. ” As regras
exigiam que Herman fosse mantido em uma vasilha de dois litros, coberta com um
pano de prato. Ele precisa ser mexido nos dias dois e três e alimentado com
pequenas quantias de farinha, açúcar e leite antes de ser mexido e colocado
novamente para dormir sob seu cobertor, o pano de prato.
Os dias cinco, seis, sete e oito necessitam de
uma mexida mais vigorosa para manter a massa viva e no ponto. No dia nove ele
fica com fome novamente e precisa de mais farinha, açúcar e leite para saciar
seu apetite. Neste ponto, você divide a massa viscosa em quatro porções iguais,
entrega três porções para amigos com cópias das instruções e adiciona à porção
que você guardou uma quantia de ingredientes de bolo incluindo ovos,
especiarias, óleo, maçãs cortadas, nozes e passas antes de encerrar a vida
passada de Herman, ou seja, assá-lo e servi-lo à nova e decorada nata fresca.
Pelos primeiros dois dias eu estava
encantada, mas no dia três eu o esqueci completamente e no quarto dia me
encontrei resgatando-o de seu suspiro da morte na 11º hora, literalmente às 11h
da noite, com o complemento dos ingredientes.
Resumindo a história pela metade, decidi que
eu realmente não gostava do Herman. Era como ser responsável por um bichinho
virtual tirânico, como um Tamagotchi do tipo que foi frequentemente banido das
salas de aula dos anos 90 porque os professores frustrados tinham suas lições
interrompidas por alunos alimentando e exercitando seus filhos eletrônicos. Eu
não gostava da responsabilidade de cuidar dele, de atender suas necessidades ou
do espaço que ele ocupava na minha modesta cozinha.
Posso até ter pensado possivelmente em
pendurá-lo para os pássaros, mas eu realmente queria cortá-lo e distribuí-lo
aos meus amigos? E mais tarde eu queria adicionar uns quarenta reais de
ingredientes à sua massa misturada e esmagada há dias para um prato
ligeiramente menos tentador que vísceras com creme? Antes de responder, tenha
em mente que a última vez que fiz um bolo eu tinha tranças e um uniforme
escolar e agora estou sacando uma aposentadoria.
Em um momento insensível de firme decisão eu,
sem piedade, joguei o Herman no lixo junto com conteúdo do aspirador de pó.
Herman se misturou com a poeira e suas últimas bolhas explodiram. Porém, Herman
vive nas cozinhas de incontáveis vítimas de amizades encerradas e também online
ao toque de um motor de busca. Procure por ele se você quiser conhecê-lo. Não serei
responsável por suas ações lhes passando a receita.
Amigos, leitores, posso dizer pela experiência: Se você gosta
de alguém e o valoriza, então demostre o que essa pessoa traz para a sua
vida. Dê-lhe tempo, uma conversa, um ouvido amigo ou um presente que não
venha agregado de responsabilidades e culpa. Ligue para ele, lhe escreva uma
carta, envie um cartão. Convide-o para um almoço. Convide-o para dividir uma
agradável garrafa de vinho, e converse entusiasmadamente sobre as coisas que
importam na vida, ou as coisas que não importam, principalmente! Façam um
passeio juntos, uma jornada de meditação, dívida qualquer coisa que você tiver
na despensa que cozinhe em 20 minutos e desapareça com o lavar da louça, mas,
independentemente do que decidir para fortalecer essa maravilha faculdade que
chamamos de amizade, não lhes dê um bolo de amizade
Por Doreen Eustice
Compartilhado da AMORC. (Dia do Amigo/2017)
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