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terça-feira, 20 de junho de 2017

SINTA O AMOR...!!!

SINTA O AMOR...!!!

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Às vezes me pego pensando, solenemente, no quanto sou feita de expectativas muitas vezes não alcançadas, de sentimentos não sentidos e de palavras não ditas. Quando somos jovens não sabemos ao certo como filtrar cada sentimento. Uma das vantagens de se passar por fases ruins na vida é a experiência adquirida com o tempo. E ela chega sem pedir licença. É tua. Aceite-a. Use-a de bom coração. Hoje em dia meço milimetricamente cada pontinha de sentimento que surge dentro de mim. Aparentemente parece fácil censurar meus próprios sentimentos, mas na verdade não é. Me parece que depois de tanto apanhar a gente aprende a bater também. É a lei da vida.

Como diria Lucas Silveira:
"Você diz que não precisa de ninguém para ser feliz. Você diz que cansou de acreditar, e de se decepcionar. Você diz, inclusive, que procurar é para os românticos bestas, para os ingênuos e para os alienados. Você se esquece que te foram dados dois braços justamente para que você tenha como carregar o escudo e a espada. Então o que é que você faz com dois escudos? E por que essa armadura envolve teu corpo, e esse muro envolve tua casa?"  

Lá vem ele mais uma vez. O amor. Se aproxima com aquele sorriso irônico de canto de boca. Com um olhar de quem tem tudo e todos nas mãos. Dediquei alguns minutos tentando entender o sentido de passar parte da vida esperando por alguém que não sei se vai chegar ou quanto tempo vai ficar. Concluí que a minha realidade já não me servia em nada. Enfim, o tempo fez o seu grande e tão esperado papel. Esperei tanto tempo pelo outono que nem senti o verão passar. Nunca é tarde para começar a sentir outra vez.  Às vezes não sentir nada também cansa. Acho que estou progredindo.
"Não pense que te culpo se só penso em ti
Faça o que quiser agora, mas não me deixe de fora dos planos
Não diga que é certa só porque errei se erras tanto quanto eu
Tentando acertar, tentando consertar teus enganos."
Caminho em passos curtos na esperança de um lugar melhor. Saber a verdade dolorosa das coisas me tira o sono e me deixa frustrada quando percebo que não há o que fazer. Senti tanta vontade de receber um abraço sincero hoje, daquele que conforta e tira todo o peso que carrego nas costas. Não aquele abraço que sempre espera algo em troca. Caminho em passos leves, pois sei que no fim do caminho encontrarei o que tanto procuro. Caminho sem bagagem, pois o peso do mundo já não cabe mais em mim.
Já faz alguns dias que eu passei a classificar sentimentos como os que valem e os que não valem a pena. E assim tento limitar as diferentes frustrações que me tentam roubar bons sentimentos. Há quem diga que um pouco de frieza na medida certa nunca fez mal a ninguém. É simples e ao mesmo tempo assustador descobrir que toda expectativa criada pelo meu coração não passou de expectativa apenas. E que a realidade é outra. E que se você não souber lidar com ela acaba enlouquecendo. Talvez eu seja louca e otimista demais tentando não me permitir vencer pelas ironias do destino. E essa guerra nunca tem fim. Afinal existem muito mais coisas e pessoas capazes de nos ferir do que nos curar. Talvez por isso tento ignorá-las, mas eu caio. E me machuco. Quem me dera fosse só um sonho ruim. Já vesti minha armadura, pode vir.
Tamanha é a vontade de encontrar um lugar no peito para reviver velhos sentimentos julgados como esquecidos que acordo com o coração aberto todos os dias esperando por algo que não sei se vai chegar. Percebo o quanto sempre classifico como dispensável qualquer forma de afeto que não corresponda às minhas expectativas. Não consigo descrever de forma exata o que sinto quando, por um instante e involuntariamente, deixo transparecer um pouco de amor por alguém que não o merece. Não é preciso de provas quando sinto que sem perceber estou envolvida em mais uma história de amor clichê. Procuro manter os pés no chão, enquanto meu coração deseja voar, sem rumo. Sinto que estou fadigada desse ciclo.

As pessoas possuem cicatrizes em todos os tipos de lugares inesperados. Como mapas secretos de suas histórias pessoais. Diagramas de suas velhas feridas. A maioria de nossas feridas podem sarar, deixando nada além de uma cicatriz. Mas algumas não curam. Algumas feridas podemos carregar conosco a todos os lugares, e embora o corte já não esteja mais presente há muito, a dor ainda permanece. O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás, mas nunca o fizeram? Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como gostamos de pensar. Mas não é o que acontece, é? Algumas coisas nós apenas temos que aprender de novo, e de novo, e de novo.

Hoje me reconheço maduro o suficiente para olhar para trás e já não sentir mais o peso nos ombros, lágrimas nos olhos, nós na garganta, vazio no estômago. Depois de tantas águas que rolaram e me fizeram despencar de cachoeiras mortalmente infinitas dentro de mim mesmo, me reergui. Construí um novo castelo de cartas para chamar de meu. De casa. De lar.
 
Acho que alguns dos maiores erros que a gente comete na vida estão simplesmente no fato de querer amar demais. Se doar demais. Se doer, demais. Talvez ainda, sabe lá Deus, que esses erros sejam, no fim das contas, acertos. Tentativas desesperadas de nos fazermos felizes. 

Deve ser tudo culpa dos filmes de sessão da tarde, desses livros que fazem sucesso, dessas músicas que machucam. É que tudo, exatamente, completamente, estupidamente tudo, fala de dois. De par. De pessoas felizes nos domingos de manhã, sábados à noite e segundas comendo pipoca e assistindo filminhos água com açúcar. Agarrados. Num edredom.

Hoje, me reconheço maduro o suficiente para olhar para trás e já não sentir mais o peso, o ódio de amar. Do amor. Durante muito tempo tentei me convencer de que não era possível ser feliz em par. Em dupla. Vivia de sonhar com cúmplices, com esses heróis que salvam o mundo, que combatem o crime, que vivem aventuras, a dois. Juntos. Sempre com alguém do lado que lhe livre de um perigo ou pule contigo do precipício. 

Só depois de perceber que eu era humanamente fraco para viver sozinho e reconhecer que o outro não precisa ser exatamente uma pessoa perfeita, consegui amar de novo. E digo fraco, porque dançar é melhor em par. Porque as camas de casal são mais confortáveis. Porque comer sushi e sorrir numa terça-feira, meio-dia, é importante. Digo fraco porque, quando a gente ama alguém, aquela pessoa passa a ser o nosso ponto fraco.

Acho que alguns dos maiores erros que a gente comete na vida estão simplesmente no fato de não querer amar demais. No não se entregar demais. No pensar demais. No planejar demais. No sonhar demais. Falta em mim, em você e no vizinho do lado, coragem. Coragem para chegar lá e dizer – estou aqui, e se você quiser tentar, é agora.

A gente se acostuma tanto com o que não faz feliz, a gente se adapta tão bem à condição de sofredor e subjulgado, que esquece que é preciso ir à luta. É preciso arregaçar as mangas e entender que se eu não deixar o passado passar, um presente, um futuro, nunca vão acontecer. Chegar. E aí sim, nossa vida vai ter sido uma busca vazia. Uma fútil batalha para nos convencer que é possível ser feliz sozinho.
Relacionamentos fracassados, assim como antigos sentimentos, foram feitos para serem deixados para trás. É certo que cada pedacinho de sentimento precisa ser regado para continuar florescendo, do contrário só irão crescer ervas daninhas que tomam nosso coração o enchendo de falsas esperanças. É que ficamos fadigados de distribuir amor e receber em troca indiferença. Será que dá para esquecer todas as ausências vividas ao longo do tempo? De tanto seguir caminhos errados alguma coisa a gente acaba aprendendo afinal. Certos sentimentos a gente vai deixando, deixando, até não existirem mais, como quem vai lentamente perdendo a consciência até cair em sono profundo sem perceber.

Fonte: Sinta o Amor | Porque amar é admirar com o coração.
www.sinta-o-amor.blogspot.com
(compartilhado)





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