Nem todo homem é jardineiro
Um dia as flores
descobriram que podiam se deixar levar pelo vento.
Descobriram que eram
fortes e que tinham direito de viver. O mundo então mudou!
Antes, dominadas
pela sociedade machista e convencidas que a melhor maneira de viver era seguir
a maré, as mulheres calavam-se. Fingiam felicidade, fingiam prazer. As que
encontravam marido deviam dar-se por satisfeitas. E davam-se.
O
segredo de tantos casamentos durarem muitos anos antigamente não é o amor que
era mais puro e forte, mas a situação da mulher que, dependente financeira e
emocionalmente do marido, não ousava. Não dizia o que pensava realmente, não
exteriorizava o que sentia.
As
mulheres foram preparadas para servir, os homens para serem servidos. Tanto que
parte e outra aceitavam, o mundo caminhava e os casamentos iam adiante.
Mas aos poucos a
sociedade foi mudando. E as mulheres foram revelando-se. Descobriram-se vivas.
Descobriram que podem dizer não e sim: não a uma vida monótona e que não
realiza; descobriram que são capazes de produzir, criar.
Descobriram que
podem escolher e escolhem. Escolhem mudar de vida, de caminho, de direção.
Jardineiros nem
sempre cuidadosos, muitos homens não percebem que a mulher é uma flor.
Uma flor serena
ficará para sempre no jardim onde foi plantada; somente as que encontram vazio
diante de si deixam-se cativar por diferentes horizontes.
Um bom jardineiro
sabe que uma flor precisa de sol, atenção, cuidados especiais.
Um bom jardineiro
cativa, cultiva, tem cuidado, poda quando preciso, mas sempre com a devida
atenção para não destruir, porque ele sabe que quando a primavera chega a sua
flor dará o melhor de si.
Letícia Thompson
Partilhado da Sil.
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