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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A ARTE DA IMPERFEIÇÃO




Perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo imperfeito é Arte. Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre têm um pequeno erro, um minúsculo defeito, apenas para lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito?
Pois é!  A Arte da Imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa tola condição humana.
Precisamos aprender a aceitar nossas falhas com a mesma graça e humildade com que aceitamos nossas qualidades, a perdoar a nós mesmos. O desejo de acertar sempre impede a evolução e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos.

Wabi Sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível: wabi sabi é um jeito de “ver” as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.
Contam que o conceito surgiu no século 15. Um jovem, Rikyu, queria aprender os complicados rituais de Cerimônia do Chá e procurou o grande mestre Takeno Joo.
Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar.
Ao terminar, examinou cuidadosamente o jardim impecável, cada centímetro varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas ajeitadas.
E então, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.
  
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro.
Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição.
Os mestres japoneses, com a cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo perceberam que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e
morte; efêmeras e frágeis.

Eles perceberam a beleza e elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo. Uma velha tigela de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, na madeira rústica e envelhecida de um antigo móvel, numa arvore moldada pelo vento ao longo de anos…
Wabi Sabi é inseparável dos ensinamentos do taoísmo e zen-budismo:

 Na natureza:
Todas as coisas são transformáveis
Todas as coisas são imperfeitas
Todas as coisas são incompletas
A beleza pode estar escondida na “rusticidade”
A grandeza existe nos detalhes despercebidos
Aceitação do inevitável
Apreciação da ordem natural

A Arte da imperfeição é focar no intrínseco, no irregular, no despretensioso, no turvo, no envelhecido, na simplicidade…


Que tal abrir os olhos para o estilo Wabi-sabi


(texto: Salisbury University e outros)


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