Ser transparente
Às vezes, nos perguntamos por que é tão difícil ser
transparente...
Costumamos acreditar que ser transparente é
simplesmente ser sincero e não enganar os outros. No entanto, é muito mais do
que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de
chorar, de falar do que sentimos.
É desnudar a
alma, deixar cair as máscaras e baixar as armas.
É destruir os imensos e grossos muros que
insistimos tanto em levantar e permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche
e transborde.
Infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide
não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a
fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam
da profundeza do nosso ser.
Preferimos nos perder na busca insensata por
respostas imediatas a simplesmente nos entregar diante de Deus e admitir que
não sabemos todas as respostas, que somos frágeis, que temos medo.
Por mais doloroso que seja construir uma máscara
que nos distancia cada vez mais do que realmente somos e de Deus, preferimos
manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção.
E vamos nos afogando mais e mais em atitudes,
palavras e sentimentos que não condizem com o nosso verdadeiro eu.
Não porque sejamos pessoas falsas, mas porque nos
perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor
mais intenso.
Com o passar dos anos, um vazio escuro nos faz
perceber que já não sabemos oferecer e nem pedir aos que nos cercam o que de
mais precioso temos a compartilhar: a doçura, a compaixão e a compreensão.
Muitas vezes sofremos e nos sentimos sós,
imensamente tristes e choramos sozinhos, num silêncio que nos remete à saudade
de nós mesmos.
Saudade daquilo que pulsa e grita dentro de nós e
que não temos coragem de mostrar àqueles que nos querem bem e que nos amam.
Aprendemos que nos mostrar com transparência é
sinal de fraqueza, é ser menos do que o outro. Na verdade, se agíssemos
deixando que a nossa razão ouvisse o nosso coração, poderíamos evitar muita dor.
Quando formos surpreendidos pelo sofrimento de
qualquer natureza, lembremos primeiramente de Deus, que nunca desampara um
filho Seu.
Fortaleçamo-nos na prece e na fé que conforta
e acalma.
Quando partilharmos as alegrias, estaremos fazendo
felizes também aqueles a quem estimamos, pois a alegria dos amigos é nossa
também.
Expor a nossa fragilidade aos amigos e amores
jamais será sinal de fraqueza.
Procuremos, pois, de forma equilibrada, não prender
tanto o choro, não conter a demonstração da alegria, não esconder tanto o nosso
medo e nossas aflições.
Enfim, abandonemos essa ideia de desejarmos parecer
tão invencíveis!
Não queiramos ser Heróis!
Nenhum comentário:
Postar um comentário