A CASA DA MINHA VIDA!
A minha casa espiritual onde alberga a
minha vida é constituída por vários pisos, inúmeras divisões, umas mais amplas
outras nem por isso.
Algumas delas são escuras outras com
janelas viradas para o mar, para as montanhas, umas com muita luminosidade
pelas suas enormes e envidraçadas janelas.
Esta casa é composta por cave, 1º andar, 2º
andar, 3º andar e sótão e cada um destes andares representa os níveis da minha
vida.
Durante muito tempo escolhi viver na cave fria
e escura, sem janelas para o exterior, sem brilho do sol e da lua.
Nas paredes uma ausência de espelhos para não
ter a possibilidade de ver a minha imagem refletida.
Era uma vida triste, sombria e
solitária, escondia-me de mim e de todos.
Sabia que os andares de cima eram bem
mais atraentes, confortáveis e proporcionavam uma vida bem mais motivadora.
Tive medo de tornar-me consciente de
mim mesmo e aceitar-me tal e qual como sou, tive medo de aceitar a mudança.
O trabalho a seguir foi bem duro, não
foi um trabalho fácil, posso garantir que foi doloroso e assustador.
Naqueles momentos pude refletir, fiz
uma auto-avaliação e comecei a desprender-me de objetos, ideais, medos, crenças
entre outras coisas mais.
Mudei de imagem, é como se estivesse a
limpar a casa, atirando fora as peças que estavam partidas e identificar
aquelas que estavam com muita poeira se faziam ou não falta.
Mexi nas gavetas e nos armários da
minha mente, era hora de desfazer-me das coisas e entre elas, estavam pessoas
incluídas com um enorme valor sentimental, mas cheguei à conclusão que não
fazia mais sentido, nem tinham qualquer prática para a minha vida.
Admiti que não cabiam mais e nunca mais
iriam caber, ao verificar que guardava as mágoas e os medos como se fosse roupa
suja e os montes eram enormes.
Comecei a limpar o meu coração e abrir
o caminho para o verdadeiro amor e naquele instante percebi que ao viver na
cave da casa da minha vida, jamais o iria encontrar. Subi para o primeiro andar
e encontrei uma nova bagunça, as divisões mais amplas, mobília mais moderna, as
cortinas das janelas corridas permitiam a entrada de uma tênue luminosidade.
Encontrei tudo o que ligava à minha infância,
desenterrando a minha autoimagem que se escondia por debaixo das coisas que os
meus Pais me ofertaram.
Quando me conheci um pouco, abri as
cortinas e deixei entrar a luz da verdade, expondo os meus medos e fantasias
tal como eram, distorções e sombras do passado.
Estava a verdade ali bem patente, deu
para vislumbrar e responsabilizar-me por ter permitido que a casa ficasse em
tal desordem e tive que assumir que eu era o único residente naquela casa e a
única pessoa capaz de arrumar toda aquela bagunça. Mais do que nunca, tinha
chegado a hora de por as mãos ao trabalho, arregaçando as mangas e trabalhar a
sério.
O segundo andar estava ali bem perto, a
falta de coragem ainda me impedia de subir até lá.
O trabalho consistia em livrar-me das cortinas
velhas e desbotadas, tapetes encardidos e móveis sem qualquer utilidade.
Reconheci o custo de todos os erros cometidos,
mas nem por isso senti uma revolta ou procurei um culpado para toda aquela
bagunça, eu fui o desorganizador da minha própria casa.
Senti que desperdicei muito tempo, despendi
muita energia, mas no fundo eu sabia a verdade.
A verdade é que ninguém tem culpa, todos nós
fizemos ou tentamos fazer o melhor e descobrimos que era preciso tornamo-nos
mais fortes, sábios, dispostos e prontos para fazer ainda melhor.
Que sensação maravilhosa!
Exerci um novo padrão de vida, com
novos estilos, cores e ao olhar em volta percebi que já estava no terceiro
andar na casa da minha vida e o que temia na passagem para o segundo andar,
tinha ficado para trás e era aquele o patamar intermediário que serviria de
passagem para o momento atual.
Aqui onde me encontro é um lugar fantástico,
cheio de luz e de cores, finalmente consegui ver-me ao espelho, com uma clareza
e extremamente feliz ao descobrir que o trabalho tinha valido a pena e
finalmente tinha chegado onde sempre desejei estar.
Este é um lugar de paz.
Sinto um orgulho de mim mesmo, sentindo até
que estou preparado para convidar os meus amigos a compartilhar comigo o que
fui aprendendo.
Muitos não gostaram da minha nova casa,
não se sentiam bem ali mesmo e acabaram por ir embora.
Mesmo assim aprendi que podiam mudar de ideias
e um dia regressassem, mas percebi que não fazia mais sentido, se não se
sentiram bem na minha casa, não se sentiam bem comigo mesmo.
Outros amigos gostaram da minha nova casa,
estava tão diferente e todas aquelas bagunças simplesmente tinham desaparecido.
Mesmo assim os poucos amigos que ficaram
acabaram por ir embora e por mim tudo bem!
Arrumei as pequenas bagunças que tinham
criado e acreditei de coração que ao manter a casa limpa, aqueles que vêm com
amor ficarão residentes nesta casa.
Estes foram os sinais da minha mudança, eu
tive que mudar e tornei-me bem mais diferente, vivo sem medo!
Na verdade
limpei o sótão e transformei-o no santuário do amor.
Escolhi toda a decoração, escolhi tudo o que
fazer e passei a falar com mais cuidado. Quando acabar de arrumar a cama e
compor as almofadas, estarei pronto para me virar e encontrar a minha PAZ!
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