CENTENÁRIO DA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA!
A história das aparições de Fátima e dos três pastorinhos, deram a volta
á terra e hoje é conhecida nos quatro cantos do mundo. Estava-se no ano de 1917
e Portugal enfrentava o totalitarismo, após a revolução de 1910, de que
resultara a ruptura entre a Igreja e o Estado.
As propriedades da Igreja foram confiscadas, e as congregações
religiosas obrigadas à dissolução, para além do encerramento da maior parte das
igrejas nos meios rurais. Na Europa grassava a I Guerra Mundial.
A lenda dos três pastorinhos
Reza a lenda que três pastorinhos avistaram uma senhora muito linda que
prometeu voltar para trazer consigo novas esperanças. Jacinta, Francisco e
Lúcia passariam a ser mundialmente conhecidos e hoje vêem, no santuário que
ajudaram a nascer, a sua beatificação perante o mundo católico.
De uma modesta freguesia com dois mil e quinhentos habitantes, nas
fraldas da serra de Aires, a uma cidade que hoje é conhecida mundialmente,
Fátima, elevada a vila em 1977, tem uma história breve. Na época das Aparições,
Fátima era uma paróquia composta por mais de 20 pequenos lugares entre eles,
Aljustrel, Casa Velha, Moita Redonda, Lomba d’Égua. Em 1917, a Cova da Iria era
um local deserto, com algumas árvores e um pequeno terreno cultivável, que
pertencia aos pais de Lúcia, para onde os jovens levavam os rebanhos.
Numa das pequenas casas em Aljustrel, viviam Maria Rosa, falecida em
1942 e António dos Santos, conhecido por “Abóbora”, falecido a 11 de Julho de
1919, pais de Lúcia de Jesus dos Santos, a mais velha das três crianças que
viram Nossa Senhora. Noutra habitação, morava Olímpia Jesus, falecida em 1956,
viúva do primeiro casamento, de quem tinha dois filhos e casada em segundas
núpcias com Manuel Pedro Marto, de trinta anos de idade, conhecido como “Ti
Marto” e falecido em 1957.
Eram tidos como pessoas humildes e sérias. O casal teve sete filhos, a
que se juntavam dois do anterior matrimonio de Olímpia. A mais nova a nascer
foi Jacinta, a 10 de Março de 1910. Francisco tinha nascido a 11 de Junho de
1908 Em 1915, enquanto guardavam os rebanhos Lúcia, então com 9 anos, e seus
dois primos, Francisco, de 7 e Jacinta com 5 anos, pensou ter visto uma nuvem
translúcida em forma dum corpo humano. A “nuvem” moveu-se pelo céu claro e
finalmente pousou sobre um bosque de pinheiros.
Um ano mais tarde, no Verão de 1916, as crianças estavam em Couza Velha,
quando foram surpreendidas por uma tempestade de Verão. Assim que a tempestade
terminou, a nuvem que Lúcia havia avistado no ano anterior tornou a aparecer
com a forma de um jovem que se apresentou como o Anjo da Paz
A primeira
aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos
No ano seguinte, a 13 de Maio, de novo com os rebanhos na Cova de Iria,
um relâmpago anunciou um globo brilhante, que pousou sobre uma azinheira diante
deles. Ao centro da luz divisaram uma belíssima Senhora, as mãos postas sobre o
peito, que após interrogada pelos pequenos, lhes indicou para rezarem o terço
todos os dias para acabarem com a guerra.
Embora os três pastorinhos tenham concordado em nada revelar das
aparições, Jacinta não pode guardar segredo à sua mãe, que a princípio
permaneceu céptica, ao contrário do pai. Nem Maria nem ninguém na família de
Lúcia acreditou na história. Particularmente, a mãe de Lúcia, foi muito dura
com ela, supondo que ela mentia.
Na aparição de 13 de Julho, Nossa Senhora prometeu realizar um milagre
em Outubro, de forma a fazer com que todos acreditassem nos jovens, e revelou
três segredos, que deveriam ser guardados. A notícia das aparições começou a
focalizar uma atenção indesejável do ponto de vista das autoridades, e em
Agosto as crianças foram presas, interrogadas e ameaçadas de execução e
torturas. Em vão tentaram arrancar-lhes uma retratação quanto ao que tinham
visto ou em relação aos segredos.
As aparições perante um público cada vez mais numeroso, ocorreram a 13
de Junho, 13 de Julho, 13 de Agosto, 19 de Agosto, 13 de Setembro e 13 de
Outubro de 1917, a última, perante 60 mil pessoas que ali se encontrava desde a
noite anterior.
A última aparição da Virgem Maria
Na sua última aparição a Virgem identificou-se como a Senhora do Rosário
e exigiu a construção de uma capela no local. Chovia há algumas horas. A chuva
cessou, as nuvens espalharam-se e o sol apareceu aos olhos da multidão.
Este tomou a forma e a cor de um disco prateado que não feria a vista.
Começou a girar vertiginosamente em torno de si mesmo, como uma roda de fogo,
expedindo raios que tingiam de cores brilhantes a paisagem. Depois pareceu
parar no firmamento e precipitar-se na terra; três vezes desceu até a linha do
horizonte, ameaçando cair sobre a terra. Muitos gritavam em pavor. O prodígio
durou 10 minutos e foi observado a uma distância de 40 km.
O fenómeno foi descrito em vários jornais do país, mesmo em alguns
anti-clericais como “O Dia”, e “O Século”, que enviou seu editor, Avelino de
Almeida, ao local. Uma versão resumida dos eventos ocorridos em Fátima foi
publicada em vários jornais do mundo. Após quase treze anos de investigação,
por uma comissão de clérigos, cientistas e físicos, a Igreja Católica
qualificou, a 13 de Outubro de 1930, dignas de crédito as Aparições de Fátima.
A I Guerra Mundial terminou um ano após a última aparição de Fátima.
Francisco apenas via Nossa Senhora, mas não a ouvia. Jacinta via e
ouvia. Lúcia via, ouvia e falava com Nossa Senhora. Francisco faleceu aquando
do surto de gripe, a 4 de Abril de 1919 e Jacinta devido a uma pneumonia, menos
de três anos após as aparições, a 20 de Fevereiro de 1920. Os seus corpos
encontram-se sepultados na Basílica de Fátima.
Lúcia, a última dos três pastorinhos
Lúcia, a única das videntes ainda viva, é freira carmelita num Convento
em Coimbra. A 16 de Junho de 1921, Lúcia foi retirada de casa a meio da noite e
foi internada no Asilo Vilar, no Porto, numa acão secreta, local onde foi
obrigada a usar o nome de Maria das Dores.
Vítimas de perseguições por parte dos familiares que não acreditavam nas
visões, e por parte das entidades que queriam calar este tipo de religiosidade,
os jovens conseguiram manter intacta a sua fé. Até que ponto a lenda que se
formou em redor de Fátima é verdadeira, apenas Lúcia pode contar, mas essa foi
afastada do mundo. Resta aos crentes a fé.